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Multiplicando informação para proteger a Política de HIV no Brasil

Multiplicando informação para proteger a Política de HIV no Brasil

Projeto da Gestos com apoio da ViiV Healthcare irá iniciar ações de multiplicação em várias regiões do país.

 

Foram concluídas, na terça-feira (01), as formações Prevenção do HIV e Covid-19 – Financiamento e Direito à Saúde, que fazem parte do projeto “Protegendo a Política de HIV no Brasil”, desenvolvido pela Gestos com o apoio da ViiV Healthcare. A iniciativa tem o objetivo de fortalecer as ações de Advocacy lideradas pela comunidade para garantir o financiamento de políticas de prevenção ao HIV/AIDS no Brasil. Concluída esta fase, os/as 24 ativistas que integraram o projeto se preparam para iniciar as ações de multiplicação em várias regiões do país.

O projeto procura responder às evidências que indicam a necessidade de fortalecer as abordagens multissetoriais lideradas pela comunidade, para garantir a resposta nacional ao HIV/AIDS. Segundo dados epidemiológicos do Ministério da Saúde, o Brasil tem atualmente 920 milhões de pessoas vivendo com HIV (PVHIV), o que equivale a quase 50% dos casos na América Latina.

Embora tenha havido uma diminuição de novos casos de HIV e AIDS entre 1980 e junho de 2020, em um país marcado por desigualdades, populações-chave ainda são desproporcionalmente afetadas pela epidemia de HIV, situação que foi agravada pela pandemia de Covid-19 . Enquanto a prevalência do HIV na população geral é de aproximadamente 0,4%, entre as populações-chave, a taxa chega a 18,4% entre gays e outros HSH; 36,7% entre mulheres trans e travestis e 5,3% entre mulheres profissionais do sexo (MS, 2018).

Este cenário foi agravado pela pandemia de Covid-19, que dificultou o acesso de PVHA a muitos serviços de saúde e prejudicando o acesso de populações-chave a serviços de prevenção como testagem de HIV, aconselhamento, informação adequada e profilaxia pré-exposição (PrEP). As desigualdades regionais também se agravam e as regiões Norte e Nordeste do Brasil têm apresentado os piores indicadores socioeconômicos nacionais. São nessas regiões onde os casos de HIV têm apresentado o maior aumento. O estado de Pernambuco e sua capital, por exemplo, ocupam o primeiro lugar em mortes por Aids. O estado também lidera no número de casos notificados de HIV.

“Já vinhamos realizando formações como essa durante a pandemia de Covid-19 e surgiu a oportunidade de fazer essa conversa com ativistas de novos coletivos que compõem aquilo que o Ministério da Saúde considera como população-chave e prioritária (profissionais do sexo, população LGBTQIA+ e usuários de álcool e outras drogas)”, explica Jô Meneses, coordenadora de Programas Institucionais da Gestos. “Queríamos chegar em novos coletivos e conseguimos isso com essa formação”.

Para ela, “há uma diversidade e uma riqueza enorme compondo o grupo, além de uma possibilidade gigante de chegar em diferentes partes do país com esses coletivos organizados”. Ela destaca também a preocupação da instituição em fazer com que a população negra estivesse representada no projeto. “Sabemos que não só em relação à saúde, como em todas as questões que estão atravessadas pelo racismo estrutural, essa população tem sido vulnerabilizada em seus direitos”.

O projeto Protegendo a Política de HIV no Brasil foi destinado a 24 ativistas espalhados/as pelos quatro cantos do Brasil. Ao todo, foram realizados 18 encontros virtuais de formação, que aconteceram entre os dias 25 de agosto e 1 de novembro. Cada um dos encontros abordou temas distintos, que dialogam com questões centrais para a participação e controle social de políticas públicas, como: Direito à Saúde, Seguridade Social, Prevenção Combinada, Estigma e Preconceito, Desenvolvimento Sustentável, entre outros.

“Apesar de a gente saber que, já durante a formação, há um diálogo de divulgação e multiplicação dos conteúdos trabalhados, esse projeto tem um momento específico para que essas 24 pessoas desenvolvam 24 ações de multiplicação de informações. Até o dia 5 de dezembro, essas ações estarão sendo realizadas por esses coletivos em diferentes partes do Brasil”, comenta.

Para as ações de multiplicação os/as ativistas serão divididos/as em duplas e, juntos/as, irão propor e estabelecer metodologias para a realização de duas ações de multiplicação por dupla. No dia 22 de novembro, a Gestos irá realizar uma reunião para monitoramento das ações das duplas. Um modelo de roteiro também será disponibilizado, para que as duplas indiquem a ação, o público, a metodologia e o resultado esperado, e depois das ações realizadas devem entregar um relatório sucinto.

A gente tem enfatizado a todo momento o quanto toda a política de HIV/AIDS depende da manutenção do SUS como um sistema de Saúde para o qual todas as vidas importam e que serve à população como um direito de todas as pessoas”, diz Jô Meneses. “Além das formações e das ações de multiplicação, o projeto também possui uma ação de Advocacy, focada nas casas legislativas, em defesa da manutenção da política de HIV/AIDS para que, ao invés de ter redução orçamentária [em 2023], que ela amplie orçamento para que chegue às populações mais vulnerabilizadas deste país”.

O principal objetivo desta ação de Advocacy é garantir a prevenção e assistência à AIDS, para fortalecer as respostas e intervenções comunitárias que considerem os determinantes sociais e econômicos da AIDS como barreiras ao acesso à prevenção. “Acreditamos muito na relação entre a defesa do SUS e a defesa da política brasileira de HIV/AIDS. Com essa difusão de informação e as ações de Advocacy, é possível fortalecer isso cada vez mais na mente das pessoas, para que elas também passem essa bandeira adiante”, conclui.

Como parte deste projeto, um seminário nacional (online) sobre Prevenção Combinada também será realizado em Dezembro, mês internacional de Combate à AIDS. A partir das contribuições deste seminário, um documento será formulado contendo recomendações para a política de prevenção à AIDS do país.

Confira abaixo a lista dos temas abordados durante as formações:

Testagem – Teste rápido, fluido oral e Auto teste para HIV;
Diferenças entre prevenção ao HIV e prevenção Combinada;
Transmissão vertical do HIV e da Sífilis;
Enfrentamento às IST;
Política de redução de danos;
Adesão à medicação e o debate relativo a I=I (Indetectável = Intransmissível);
Estigma e discriminação em relação às PVHA;
Covid 19 – A situação atual;
A nova varíola – o que precisamos saber?;
SUS – A Constituição de 88, Histórico de surgimento, Princípios e Diretrizes do SUS;
Direito à Saúde e a Seguridade Social;
Financiamento da Saúde, os impactos da PEC da morte no SUS;
A importância da participação no controle social das políticas de saúde;
Agenda 2030 e os ODS;
Saúde Mental no contexto de crise;
Oficina de Técnicas de Multiplicação;
Avaliação da formação e Reunião sobre as multiplicações;

Inscrições abertas para formação sobre Prevenção do HIV e Covid-19

Prevenção ao HIV e Covid-19: confira a lista de selecionades

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