Nota de repúdio contra as violações de Direitos Humanos em Gaza
A Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero expressa, por meio desta nota, sua mais profunda preocupação quanto ao escalonamento das violações de Direitos Humanos cometidas em solo palestino pelo Estado de Israel, assim como condenamos as práticas de grupos extremistas como o Hamas, que deturpam a nobre causa do povo palestino pelo justo reconhecimento de seu território, sua soberania e autodeterminação.
Somos contrárias a toda e qualquer forma de violência e brutalidade; pois entendemos que nada justifica a barbárie, sobretudo quando esta faz vítimas civis – entre elas, um número assustador de crianças, mulheres e pessoas idosas.
Igualmente, nos colocamos contrárias à falsa noção de que esse é um conflito de natureza religiosa, ou alguma espécie de “Guerra Santa”, pois esta é uma visão extremamente limitada do que realmente ocorre em Gaza: um conflito de natureza política e econômica onde historicamente são cometidas sistemáticas violações de Direitos Humanos, apoiadas pela indústria bélica e membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em meio a essas violações, cujas maiores vítimas são civis em ambos os lados, gerações inteiras crescem sem jamais conhecer outra realidade que não seja a Guerra, o Apartheid e o Colonialismo – que contribuem para o crescimento do ódio entre os dois povos e aprofundam ainda mais as desigualdades sociais e de gênero presentes na região.
Neste aspecto a situação do povo palestino tem sido sucessivamente agravada, mas enfatizamos que qualquer defesa que façamos dos direitos da Palestina não poderá ser tratada, em hipótese alguma, como apoio a um crescente antissemitismo que retroalimenta a polarização deste conflito.
Ressaltamos que grande parte da comunidade judaica (tanto em Israel quanto em outros países) tem adotado posicionamentos progressistas e de natureza humanista, se colocando contrárias às medidas adotadas pelo governo de Benjamin Netanyahu – que não representa os desejos do povo judeu, assim como o Hamas não representa os do povo palestino.
Diante de tanto sofrimento, uma solução pacífica é urgente! Aplaudimos as iniciativas em curso adotadas pelo governo brasileiro, que novamente se coloca no cenário internacional agindo de forma propositiva para contribuir com uma saída diplomática, que ponha fim à violência.
Como sociedade civil, conclamamos a urgente necessidade do cumprimento dos acordos internacionais e resoluções da ONU que versam sobre a situação do povo palestino, o reconhecimento da legitimidade de seu território e a criação de um Estado Independente Palestino nas regiões de Gaza e da Cisjordânia. Ao mesmo tempo que pedimos justiça e nos opomos com veemência a qualquer ato terrorista, como o praticado, atroz e covardemente, pelo Hamas.
Ideias sobre a supremacia de um povo sobre o outro precisam ser urgentemente abandonadas, assim como os esforços e investimentos em prol das guerras precisam ser substituídos por ações e políticas que promovam direitos humanos básicos a todas as pessoas. O sonho de um mundo livre da guerra, de um mundo onde a paz alimenta a justiça social, não pode continuar a ser apenas uma ilusão ou um desejo, distante de ser alcançado.
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