Articulação Brasileira contra a Tuberculose protesta por acesso ao medicamento bedaquilina
Uma manifestação nesta quinta-feira (10/10) nas redes sociais e em várias cidades do Brasil e do mundo reivindica a redução do preço do medicamento bedaquilina – usado para tratamento da tuberculose. Em São Paulo, os e as manifestantes se posicionaram em frente ao escritório da Johnson & Johnson (fabricante da medicação) para pedir que a empresa reduza o preço do remédio para 1 dólar por dia.
“É inaceitável que mesmo depois de cinco anos de sua aprovação no FDA e outros órgãos, esse medicamento ainda não esteja disponível a no mínimo 80% das pessoas que precisam dele globalmente”, diz o manifesto da Articulação Social Brasileira para o Enfrentamento da Tuberculose (ART TB Brasil).
Segundo informações do Médicos sem Fronteiras, a bedaquilina é o primeiro medicamento desenvolvido para tratar a tuberculose em 40 anos e poderia ajudar no tratamento da tuberculose resistente a medicamentos.
“A tuberculose multidrogarresistente (TBMR) é elencada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como parte de um dos dez maiores desafios para a saúde global. Todos os anos, cerca de 550 mil pessoas são afetadas e mais de 230 mil morrem de tuberculose resistente a medicamentos. No Brasil são cerca de mil novos casos de TBMR por ano – incidência que cresceu nos últimos anos. O País tem como meta tratar cerca de 8 mil pessoas até 2022”, diz o manifesto divulgado nesta quinta pela ART TB Brasil.
Ainda no documento, os e as manifestantes lembram que “antes do surgimento da bedaquilina, as opções de tratamento eram complicadas, longas, cheias de efeitos colaterais e baixas taxas de cura”.
“Felizmente, estudos recentes, realizados em sua maioria por instituições públicas e filantrópicas – e não somente com recursos da Johnson & Johnson – revelaram o valor terapêutico do medicamento e a possibilidade de utilizá-lo em novas combinações para regimes de tratamento mais curtos e efetivos. A OMS já recomenda o uso de novos regimes 100% orais para tratamento da TBMR ou tuberculose resistente à rifampicina (RR) contendo bedaquilina. As novas recomendações evitam os graves efeitos adversos dos injetáveis, facilitam a adesão e beneficiam o tratamento de pessoas com HIV e Aids” – continua o documento.
Entre as argumentações para que a Johnson & Johnson baixe o preço da medicação estão a de que, mesmo vendendo o remédio por 1 dólar por dia, a empresa ainda terá lucro; e a de que a pesquisa para desenvolvimento da nova droga foi financiada com recursos de várias fontes e não apenas da Johnson & Johnson. Estão incluídos no financiamento, contribuintes do Instituto Nacional de Saúde dos EUA e da Agência Norte-americana de Desenvolvimento Internacional; doadores privados, através de financiamento filantrópico; pesquisadores globais da tuberculose e provedores de tratamento, como o Médicos Sem Fronteiras e a Universidade de Cape Town, entre outros.