Nota de repúdio: resolução do CFM é um retrocesso às garantias de jovens trans

Sob a falácia do aperfeiçoamento do atendimento médico para pessoas trans — historicamente criminalizadas e patologizadas —, a Resolução nº 2.427/2025 do Conselho Federal de Medicina (CFM) é extremamente transfóbica e um ataque aos direitos já garantidos de jovens trans no Brasil, país líder em transfeminicídios no mundo.
A Gestos se une à comunidade trans brasileira em veemente repúdio à recente resolução, que restringe o acesso a hormonioterapia, acompanhamento psiquiátrico, protocolos cirúrgicos e bloqueadores hormonais de puberdade. Entre as principais medidas, está o aumento da idade mínima de 18 para 21 anos para realização de cirurgias (o que vai de encontro ao Código Civil) e a proibição do uso de bloqueadores hormonais para crianças e adolescentes.
A publicação do CFM é um grave retrocesso às garantias de direitos fundamentais e evidencia o avanço do conservadorismo e do fundamentalismo contra os direitos duramente conquistados pela população LGBTQIAPN+. Além disso, coloca em xeque práticas clínicas seguras e já estabelecidas com base em rigorosos critérios científicos e consensos internacionais.
A saúde das pessoas trans não deve ser pauta ideológica nem moeda de troca entre poderes políticos. É um direito assegurado pela Constituição. A Gestos seguirá firme na defesa dos direitos e dos cuidados integrais da população trans em todos os seus ciclos de vida e exige, junto a dezenas de organizações, a imediata revogação da resolução do CFM.
Crédito da foto: Sindicato dos Psicólogos de SP