Alessandra Nilo, confundadora da Gestos, vence Prêmio Tacaruna Mulher na categoria Ação Social

A cofundadora da Gestos Alessandra Nilo venceu o Prêmio Tacaruna Mulher 2025, do Shopping Tacaruna, na categoria Ação Social. A iniciativa reconhece mulheres que se destacam em suas áreas contemplando ao todo nove categorias. Há mais de 30 anos, Alessandra faz a diferença na construção de uma sociedade mais justa e um mundo mais sustentável. A premiação será no dia 13 de março.
Alessandra Nilo é jornalista com especialização em comunicação e saúde e em relações internacionais. É cofundadora da Gestos, que, há 31 anos, atua para garantir direitos para pessoas que vivem e convivem com HIV/AIDS no Brasil. Representa a região Latinoamericana e Caribenha junto ao Women’s Major Group, o grupo de engajamento para os processos de desenvolvimento sustentável da ONU e no Brasil é co-facilitadora do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030.
A história de Alessandra está relacionada ao ativismo e à ideia de comunidade desde muito cedo, ainda no âmbito familiar, em Paulo Afonso, na Bahia, onde nasceu. Seu avô era dentista na cidade e, em sua casa, sempre havia pessoas que buscavam auxílio, sentavam à mesa para as refeições onde o principal tema sempre era a política e Alessandra conta da sua inspiração pelas tias, ambas professoras.
Tia Lindinalva Alves dos Santos, que se dedicou a mudar a vida das crianças da cidade, foi quem presenteou o primeiro livro ao poeta Edson Meneses, grande líder cultural, que hoje dá nome ao Centro Cultural de Paulo Afonso. Já tia Lisette Alves do Santos se tornou a primeira vereadora da história do município.
Aos cinco anos, depois de morar em Antas (BA) e em Santa Bárbara do Oeste (SP), Alessandra mudou-se para Igarassu (PE), onde seu pai tinha uma granja e vendia galinhas. Aos sete, mudou-se para o Recife. Passou no vestibular para Farmácia aos 16 anos, mas, um ano depois, iniciou o curso de jornalismo na Universidade Católica, ao mesmo tempo em que descobria o movimento estudantil de que participou ativamente.
Começou a trabalhar aos 17 anos, no restaurante Banorte, enquanto estagiava na Chesf e produzia jornais estudantis, como o Jornal Universo, ao lado de profissionais como Sergio Xavier e Inácio Franca. Em 1993, ao lado do sociólogo Acioli Neto, da socióloga Márcia Andrade e da assistente social Silvia Dantas, Alessandra cria a ONG Gestos. A motivação para criar a organização era dar suporte às pessoas que viviam com AIDS e seus familiares. Era o começo de uma iniciativa que iria contribuir para a criação de políticas públicas, não apenas no Brasil, mas em nível global.
Alessandra também atua como roteirista e diretora. É autora de vários títulos audiovisuais e usa a comunicação como instrumento para promover direitos. Seu primeiro curta-metragem para cinema (roteiro e direção), “Urbanos”, 15’, 35mm, apoiado pelo Funcultura, estreou em outubro de 2014 no 33º Festival Internacional de Uppsala, na Suécia, seguindo para a mostra especial em Tierp. Recebeu os prêmios de Melhor curta na sexta edição do FESTin 2015 – Festival internacional de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa; Melhor Filme para Reflexão pela FEPEC – Federação Pernambucana de Cineclubes; Melhor Filme pelo Júri Popular; prêmio de terceiro lugar na categoria Ficção, no 16o FestCine, Festival de Cinema e Vídeo de Pernambuco (dezembro, 2014, Recife); vencedor da categoria “Provocações”, Prêmio Jean Wyllys no 3o Curta Brasília – Festival de curta-metragens de Brasília (dezembro, 2014); e segundo lugar da mostra Curta Tudo no 7º Arraial Cine Fest, Festival Internacional de cinema em Porto Seguro, Bahia (fevereiro, 2015).
Em 2024, Alessandra foi sherpa (principal articuladora política) do grupo de engajamento da sociedade civil global (C20) para o G20, que reúne mais de 2 mil pessoas, de 1.760 organizações e 91 países, que encaminham recomendações aos governos do G20.
Desde 2001, Alessandra participa de processos de monitoramento das Nações Unidas, divulgando a Declaração de Compromisso sobre HIV e AIDS como uma ferramenta para monitorar e avaliar a implementação de políticas nacionais de saúde sexual e reprodutiva. Em 2003, atuou no desenvolvimento da plataforma UNGASS-AIDS, Fórum no Brasil, expandida posteriormente (2007-2012) para 16 países na Ásia, África e Caribe, utilizada como ferramenta de advocacia e pesquisa para apoiar uma rede Sul-Sul de ativistas de AIDS e mulheres no campo da SRH&R, atuando como coordenadora geral e facilitadora do projeto, construindo uma rede interdisciplinar da sociedade civil em todos os países envolvidos.
Recebeu prêmios por sua atuação a Medalha Conselheiro João Alfredo Oliveira (Mérito Judiciário), concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região, por atividades como defensora dos direitos humanos, em 2019, e o Prêmio Monique Rodrigues pelo trabalho local em direitos LGBTI, em 2018.