Para superar o estigma e o preconceito, Gestos lança folder digital sobre a varíola do macaco
Para informar e combater o estigma em relação à varíola do macaco, a ONG Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero lançará, na terça-feira (18) – Dia do/a Médico/a, um folder digital contendo informações sobre o tema. Esta é a primeira publicação do gênero produzida e editada por uma organização da sociedade civil do Recife e região, e foi inspirada por uma iniciativa semelhante da IPPF – International Planned Parenthood Federation (Federação Internacional de Planejamento Familiar, em tradução livre). O lançamento acontecerá durante uma Live no Instagram da Gestos (@gestospe) com participação do Dr. Demetrius Montenegro, infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e editor técnico da publicação, que estará disponível para download gratuito no site da ONG (www.gestos.org.br).
Desde que os primeiros casos começaram a aparecer em países não-endêmicos (como o Brasil), a varíola do macaco (causada pelo vírus Monkeypox) tem preocupado as autoridades médicas mundiais. Estima-se que, até o momento, cerca de 55 mil pessoas já foram infectadas, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Até o dia 4 de agosto, o Ministério da Saúde tinha 1.721 casos confirmados da doença; em 4 de outubro, o país já havia confirmado 8.147 casos e outros 4.591 casos suspeitos – um aumento aproximado de 374% em dois meses. O estado de São Paulo é o que concentra a maior incidência da doença (3.774), seguido do Rio de Janeiro (1.102), Minas Gerais (499), Goiás (499) e Ceará (332). O Brasil possui 14,8% dos casos confirmados no mundo inteiro.
Devido à prevalência de ocorrências entre gays e homens que fazem sexo com homens (HSH), a Organização Mundial da Saúde chegou a orientar, em 27 de julho deste ano, que gays e HSHs reduzissem o número de parceiros sexuais como forma de prevenção. Em todo o país, diversas organizações da sociedade civil têm expressado sua preocupação de que sejam reproduzidos os erros do início da pandemia de AIDS, quando o HIV era lido socialmente como uma “peste gay” – percepção que a ciência provou ser infundada, mas que até hoje contribuem para a estigmatização da população LGBTQIA+.
“Além de profundamente equivocada, essa abordagem contribui para que pessoas acometidas pela doença se afastem dos serviços de saúde, sobretudo os de atenção básica – o que dificulta a identificação prévia da doença e cria barreiras para a construção de uma resposta efetiva”, comenta Alessandra Nilo, coordenadora geral da ONG Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero – instituição que há 29 anos atua na resposta ao HIV/AIDS e é considerada uma referência em Comunicação e Aids.
Alessandra explica que a publicação que será lançada na terça-feira foi desenvolvida utilizando uma linguagem simples e didática. “Buscamos uma forma de contribuir para que as pessoas se informem de forma segura e baseada em evidências científicas para que, assim, elas possam se prevenir de maneira adequada”, comenta, “esperamos que isso possibilite que mais pessoas acessem informações completas e entendam que nenhum grupo pode ser estigmatizado por nenhuma situação de saúde (como, por exemplo, o HIV/AIDS ou Monkeypox); todas as pessoas, independente de quem sejam, têm o direito à informação e à saúde, que são direitos humanos inalienáveis”, conclui.