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Nota da Gestos sobre a 21ª Parada da Diversidade de Pernambuco

Nota da Gestos sobre a 21ª Parada da Diversidade de Pernambuco

Nossos corpos são políticos! E não podemos mais aceitar a crescente onda de violências contra as populações LGBTQIA+ no Brasil. Segundo dados do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, 3.148 (três mil cento e quarenta e oito) pessoas LGBTQIA+ foram assassinadas ou cometeram suicídio no país ao longo da última década; destas, 1.114 (mil cento e quatorze) – isto é, 35,39% – somente nos últimos quatro anos.

Hoje, sabemos que tais violências não são isoladas e que resultam de  manifestações de ódio motivadas pelo preconceito de raça, de classe, de gênero e de identidade de gênero ou orientação sexual. Contudo, este não é um fenômeno recente e exemplos como a Operação Tarantula (executada pela Polícia Civil de São Paulo, em 1987) evidenciam a violência institucional que o Estado brasileiro historicamente promove contra as populações LGBTQIA+. 

Entendemos que para acabar com o preconceito e a LGBTfobia (sobretudo aquela que é institucionalizada), será necessário uma radical mudança de cultura no país. Precisamos, para isso, de um país onde a Educação e os espaços educativos conversem sobre igualdade de gênero, respeito às diversidades e racismo. Com escolas mais inclusivas e um povo mais educado, conseguiremos formar novas lideranças e redesenhar os sistemas. Para isso, precisamos de representatividade política nas instituições brasileiras. 

Atualmente, entre os 513 deputados/as federais, apenas quatro (0,78%) se assumem como gays e/ou bissexuais. Já entre 81 senadores/as, só há um representante declaradamente homossexual. Nas assembleias legislativas estaduais, só três estados (SP, BA, DF) possuem parlamentares abertamente LGBTQIA+ e formalmente registrados como deputados/as no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – a Assembleia Legislativa de Pernambuco configura um caso à parte, pois apesar do estado possuir uma deputada autodeclarada travesti, o registro da candidatura junto ao TSE não foi feito em seu nome.

No domingo (18), a Parada da Diversidade voltará às ruas do Recife, após dois anos de ausência (devido à pandemia de Covid-19). Para a Gestos esta será uma edição histórica, pois acontece às vésperas da eleição mais importante desde a redemocratização do Brasil, quando iremos às urnas para votar pela Democracia e pelos direitos de todas as pessoas,em toda a sua diversidade, particularmente pelo fim de um governo que sistematicamente assume posições e práticas machistas, misóginas, racistas e lgbtqia+fóbicas.

Esperamos profundamente que, mais do que uma celebração da diversidade sexual e de gênero, o grito da 21ª Parada da Diversidade do Recife ecoe pela sociedade, fomente a consciência política, e ajude a urgentemente ampliar a diversidade de nossos/as representantes nas câmaras legislativas (federal e estaduais), nos poderes executivos e nos espaços de controle social. Nossos corpos são políticos, sim. E somente pela ação política poderemos, de fato, transformar o mundo para torná-lo mais inclusivo e justo, sem deixar ninguém para trás. 

Até que isso se concretize, a Gestos estará mobilizada e pronta para agir, com a esperança de alcançarmos dias melhores e construiremos uma sociedade onde todas as cores sejam respeitadas.

 

Viva a diversidade!

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