Gestos convida travestis e mulheres trans para projeto sobre envelhecimento
A ONG Gestos está buscando mulheres trans e travestis moradoras do Recife que tenham mais de 50 anos para participarem do projeto Travestis Também Envelhecem – Visibilidade, Inclusão e Cidadania. Estão sendo disponibilizadas 16 vagas e as inscrições podem ser feitas até a próxima quarta-feira (20/04), através do site https://forms.gle/r3hPZuQ3zaUZAbPo9, ou presencialmente na Rua dos Médicis, 68, no bairro da Boa Vista (centro do Recife). Interessadas também podem entrar em contato pelo telefone (81) 3421-7670.
Essa é uma iniciativa da Gestos com o apoio do Fundo do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (COMDIR) e parceria da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans); Nova Associação de Travestis e Transgêneros de Pernambuco (NATRAPE); da Gerência de Livre Orientação Sexual (GLOS) do Recife; do Fórum LGBT de PE e do Conselho Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBT+ de Pernambuco. O objetivo é lançar luz sobre as condições de vida das mulheres transexuais e travestis em processo de envelhecimento na cidade do Recife, estimulando o seu protagonismo através da construção de um grupo de convivência formado por 16 mulheres trans e travestis, todas acima dos 50 anos.
Hoje, a maior parte delas vive em condições de vulnerabilidade social, com pouco acesso a direitos fundamentais e políticas públicas específicas. Durante a pandemia de Covid-19 não foram tomadas ações de governo para a população trans e aproximadamente 70% da população trans feminina não teve acesso ao auxílio emergencial. Além disso, a estimativa de vida de uma mulher trans no Brasil (país que mais mata pessoas LGBTQIA+) é de 35 anos. Só em 2021, foram registrados 11 casos de transfemicídio em Pernambuco – considerado o 5º estado mais violento para essa população, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
Essa violência, o preconceito e a falta de oportunidades no mercado de trabalho formal resultam diretamente na sua exclusão social. Hoje, estima-se que 90% delas utilizam a prostituição como principal fonte de renda; mas, na medida em que envelhecem, o mercado do sexo se torna cada vez mais difícil, tornando praticamente impossível a sobrevivência por essa via. No grupo de convivência, as participantes poderão discutir suas experiências de vida tendo os temas do envelhecimento e identidade de gênero como pano de fundo. Também serão oferecidas atividades terapêuticas para cuidar da saúde mental.
Ao todo, serão promovidos 10 encontros, sempre na última terça-feira de cada mês, das 14h às 17h. Para participar, as integrantes terão direito a uma ajuda de custo de R$ 30,00 (trinta reais) por reunião e lanche. Após o 6º encontro, aquelas que tiverem maior frequência poderão convidar outras travestis e mulheres trans acima dos 50 anos para serem entrevistadas por profissionais da Gestos, as convidadas, por sua vez, também poderão convidar outras mulheres trans e travestis.
Dessa forma, a ONG irá realizar um levantamento de dados inédito na capital pernambucana, permitindo identificar perfis socioeconômicos da população transfeminina acima dos 50 anos, que poderá contribuir com a elaboração e a implantação de políticas públicas de inclusão social e garantia da cidadania. O levantamento será entregue aos conselhos municipais de Saúde, Pessoa Idosa, Direitos Humanos e Assistência Social do Recife. A pesquisa também deve subsidiar a elaboração de um documento que será enviado a gestores/as e parlamentares do estado.