Com zika e crise, nascimentos recuam no país após 6 anos; casamentos caem
O número de nascidos no Brasil em 2016 caiu 5,1% em relação ao ano anterior, interrompendo tendência de crescimento que vinha desde 2010. O fenômeno aconteceu em todas as regiões do país. O número de casamentos também sofreu queda –tanto para gays quanto para heterossexuais– e o de divórcios, por sua vez, aumentou.
É o que mostra a pesquisa anual Estatísticas de Registro Civil, divulgada nesta terça-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Já era esperado que o número de nascimentos caísse em algum momento devido ao envelhecimento da população e da queda da taxa de fecundidade, mas a proporção do recuo surpreendeu os pesquisadores.
Houve 2,79 milhões registros de nascimentos, 151 mil a menos do que em 2015. Para se ter uma ideia, 96,5% dos municípios do Brasil têm menos de 150 mil habitantes.
Entre 2003 e 2010, o número de nascimentos oscilou sutilmente. A partir de 2010, a tendência foi de crescimento, até 2016. A queda neste ano foi a mais acentuada desde 2006.
Uma das hipóteses levantadas por pesquisadores do IBGE para explicar a queda do número de nascidos é o surto de zika, que inibiu mulheres de engravidarem. Reforça essa hipótese o fato de o Estado de Pernambuco, que teve muitos casos da doença, ter tido a maior queda do número de nascimentos ocorridos e registrados em 2016 entre todas as unidades da federação. Também é possível que a crise financeira por que passa o país tenha desincentivado casais a terem filhos. “Pesquisas do IBGE mostram que há relação entre crise, desemprego e nascimentos. As pessoas acabam adiando a decisão de ter filhos”, diz Barbara Cobo, coordenadora de população e Indicadores sociais do IBGE.
Se o número de nascimentos caiu, a idade das mães se manteve a mesma de 2015. Os dados confirmam que as mulheres estão postergando a maternidade. Entre 2006 e 2016, cresceu a proporção de mães que tiveram filhos depois dos 30 anos e houve queda no número de mães jovens.
Mulheres do Norte e do Nordeste foram mães mais jovens do que no resto do país. Na região Norte, há maior concentração no grupo de idade de 20 a 24 anos (29,6% dos nascidos). Isso se explica, em parte, pelo fato de a região ter uma população relativamente mais nova do que o resto do país, além de um número de filhos mais alto por mulher.
Sul e Sudeste
Já as regiões Sul e Sudeste têm as mães mais velhas. Nelas, o maior percentual de nascimentos ocorre entre mulheres de 25 a 29 anos (24,7% no Sul e 24,3% no Sudeste), 20 a 24 anos (23,5%) e 30 a 34 anos (22,1%).
Mais informações no link: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/11/1935245-com-zika-e-crise-nascimentos-recuam-no-pais-apos-6-anos-casamentos-caem.shtml
Fonte:
Folha de São Paulo
Cotidiano
Luiza Franco
14/11/2017 – Atualizado às 12h13