Sociedade civil global entrega pacote de políticas ao G20 em evento no Rio de Janeiro
Nesta quarta-feira, 13 de novembro, o Rio de Janeiro sediou a Cúpula do Civil Society 20 (C20), marcando o encerramento do capítulo brasileiro do grupo de engajamento da sociedade civil junto ao G20 e a entrega oficial do “Policy Pack” — um pacote de recomendações de políticas estratégicas para os países-membros do G20 (clique aqui para baixar). O evento, no Novotel Rio de Janeiro Porto Atlântico, também simbolizou a transição da presidência do C20 para a África do Sul, que assume a liderança do G20 em 2025.
O C20 entregou o “Policy Pack”, em primeira mão, à primeira-dama do Brasil, Janja Lula. Janja foi responsável pela mesa de abertura do evento, o Summit C20, destacando o compromisso do presidente Lula com a participação social no processo do G20 e garantiu que levará as recomendações à cúpula mundial.
A Cúpula do C20 ocorre na semana da Cúpula dos Líderes do G20, também no Rio de Janeiro, e busca influenciar discussões sobre temas urgentes para a humanidade, como combate à fome, igualdade de gênero, justiça climática, reforma da arquitetura financeira e iniciativas antirracistas. As recomendações do “Policy Pack” incluem medidas como a taxação das grandes fortunas, reforma do sistema financeiro global, erradicação da pobreza, justiça climática com transição energética, garantia de saúde sexual e reprodutiva e implementação de mecanismos de accountability no G20.
Este ano, a edição brasileira do C20 reúne mais de 2,5 mil participantes representando 1,7 mil organizações da sociedade civil de 91 países. A presidência do C20 no Brasil é da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), sob a liderança de Henrique Frota. A responsável pela articulação e incidência política (“sherpa”) é Alessandra Nilo, cofundadora da Gestos, fundada em 1993.
“Esse foi um C20 muito importante para a sociedade civil. Do ponto de vista político, foi um C20 realizado em um ambiente democrático extremamente positivo, o que permitiu um maior diálogo entre nós e os representantes governamentais de maneira geral. A cúpula do C20 no Brasil também nos ajudou a perceber como os temas globais impactam as realidades locais e dialogam com elas, mostrando para todos nós, brasileiros e organizações de movimentos sociais, o quanto o contexto internacional se reflete no local”, destaca Alessandra Nilo.
Durante o ano, dez Grupos de Trabalho temáticos do C20 participaram de reuniões para definir prioridades e elaborar o pacote final de políticas que será entregue ao Governo do Brasil. Esses grupos incluíram temas transversais como igualdade de gênero, antirracismo, direitos das pessoas com deficiência e os direitos humanos.
O evento do C20 nesta quarta (13) no Rio contou também com a presença de importantes representantes de diversos setores, incluindo Felipe Hees, Sous Sherpa do Brasil pelo Ministério das Relações Exteriores; André Aquino, representante do Ministério do Meio Ambiente; Márcia Muchagata , representante do Ministério do Desenvolvimento Social; Nisia Trindade, ministra da Saúde (em vídeo); e Marcio Macedo, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República.
ENCONTRO COM LULA — Às vésperas da Cúpula no Rio de Janeiro, na segunda, 11 de novembro, o C20 realizou uma reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto. Na oportunidade, os grupos de engajamento junto ao G20 apresentaram suas pautas e reforçaram a importância do apoio do Brasil às suas recomendações durante a Cúpula do G20.
APOIO AO HAITI — O Civil Society 20 (C20), o Women 20 (W20) e o Labour 20 (L20) uniram forças para lançar uma declaração conjunta expressando profunda preocupação com a crise de violência e instabilidade política no Haiti. A declaração apela aos líderes do G20 para que, sob a presidência do Brasil, tomem medidas urgentes para apoiar a reconstrução do país, garantindo a segurança, saúde e direitos fundamentais dos haitianos, em especial das mulheres e meninas, que sofrem impactos desproporcionais.
Dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) indicam níveis críticos de insegurança alimentar e deslocamento forçado, com milhares de pessoas necessitando de proteção urgente.
Organizações de diversos países — como Argentina, Alemanha, Índia, Sri Lanka, Paquistão, Estados Unidos, França, Chile e Brasil — e celebridades como o ex-jogador e ativista Raí e o ator Bruno Garcia já manifestaram apoio a essa petição, apresentada aos líderes do G20 sob a presidência do Brasil.
Foto: Cláudio Kbene