Ato marca o Dia Internacional de Enfrentamento à LGBTfobia e busca políticas públicas para a comunidade LGBTQIA+ em Pernambuco
No dia 17 de maio, data celebrada como o Dia Internacional de Enfrentamento à LGBTfobia, a Rua da Aurora, em Recife, foi palco de uma manifestação organizada pelo Fórum LGBT de Pernambuco. O ato reuniu ativistas LGBTQIA+, parlamentares e lideranças políticas locais, que se uniram em defesa da diversidade sexual e de gênero, reivindicando também ações efetivas para combater a LGBTfobia no estado
A concentração do ato teve início por volta das 15h30, em frente à antiga sede da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), na Rua da Aurora. O ato contou com a participação de manifestantes que erguiam faixas, cartazes e bandeiras coloridas, reafirmando a importância da luta contra a discriminação e violência direcionadas à comunidade LGBTQIA+. A manifestação buscou conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a necessidade de políticas públicas específicas para garantir os direitos dessa comunidade.
Após a concentração, a manifestação seguiu em caminhada em direção ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado de Pernambuco. No local, representantes do Fórum LGBT entregaram uma carta contendo reivindicações de políticas públicas específicas para a comunidade LGBTQIA+ e chamando a atenção do poder público para a urgência pela implementação de medidas que promovam a inclusão e proteção dos direitos de pessoas LGBTQIA+.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil registrou em 2022 242 homicídios de pessoas motivados pela LGBTfobia. Atualmente, a região Nordeste é a mais insegura para pessoas LGBTQIA+, concentrando 111 assassinatos. Pernambuco é o terceiro estado entre os estados que mais matam pessoas LGBTQIA+ no Brasil.
Quando se observa os dados de violência contra pessoas trans reunidos anualmente pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), cenário estadual é ainda mais grave. Só em 2022, o estado registrou o maior número de assassinatos de pessoas trans e travestis do Brasil, totalizando 13 homicídios. Desde 2017, foram contabilizados 59 homicídios, colocando Pernambuco na sexta posição desse triste ranking (em números gerais).
Para Eduardo Augusto, integrante do Grupo de Trabalho em Ativismo Jovem (GT Jovem) da Gestos, promover e participar de uma manifestação durante o dia 17 de maio “é uma forma de chamar a atenção da sociedade para o que é o crime da LGBTfobia, que são cometidos diariamente contra pessoas LGBTQIA+. Ninguém precisa ser LGBTQIA+ para lutar por essa causa. Eu acredito que quando a gente se une, temos mais força para conquistar o que tanto queremos, que são os nossos direitos”, comentou.
“Acho que é importante lembrar que a trajetória da Gestos se baseia na busca pela superação do HIV/AIDS, assim como pela defesa e garantia dos direitos sexuais e reprodutivos; ambas as coisas estão diretamente ligadas aos debates sobre sexo e gênero, que são atravessadas por uma série de desigualdades e formas de opressão. Falar sobre isso é também falar sobre LGBTfobia e como ela nega às pessoas os seus direitos mais fundamentais (inclusive o direito à vida)”, disse Thiago Jerohan, assessor de projetos da Gestos, que destacou também como a instituição tem trabalhado para fortalecer e ecoar as pautas da população LGBTQIA+ no estado de Pernambuco. “Dentro deste processo, a Gestos vem desenvolvendo diversos projetos que abordam temas centrais para a comunidade LGBTQIA+, como trabalho e empregabilidade, saúde, envelhecimento e garantia de direitos. Estar aqui hoje reforça, mais uma vez, o compromisso que a instituição tem em atuar pela erradicação de toda forma de preconceito e desigualdades”.
“Hoje é um dia muito simbólico, mas ele não termina aqui!”, considerou a ativista e pedagoga Joane Orlando, que também integra do GT Jovem da Gestos. “Esse não é um dia isolado, ele precisa ser casado com a história, com a ancestralidade, com as mortes e aniquilações que a população LGBTQIA+ sofreu e vem sofrendo ao longo dos anos. Hoje a gente pode florescer, pelo menos um pouco – porque nada está confortável ainda para a minha comunidade”.