Gestos recebe profissionais do CRIE para orientação sobre vacinação de pessoas vivendo com HIV/AIDS
Na última terça-feira (22), a Gestos recebeu a visita de profissionais de saúde do Programa Municipal de Imunizações do Recife (PMI) e do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), que participaram de uma sessão informativa sobre a importância da vacinação de pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHAs) e quais os caminhos para acessá-la. A ação faz parte do projeto “Orientação, busca ativa e acompanhamento de imunização para PVHAs”, que tem o objetivo de promover a conscientização sobre a importância da vacinação para a população que vive com HIV/AIDS, visando fortalecer a imunização e prevenir coinfecções. Durante o evento, foi possível tirar dúvidas sobre a necessidade das vacinas e como atualizar a caderneta de vacinação.
“Eu achei importantíssimo porque existem vacinas essenciais para as pessoas que vivem com HIV e que muitas não sabem e, infelizmente, tem alguns médicos que não passam e nem orientam, mas as pessoas precisam saber que elas têm esse direito”, comenta Sandra, beneficiária da Gestos. “Até eu mesma não tinha esse conhecimento e esse encontro foi ótimo, porque a gente tirou várias dúvidas sobre como atualizar a caderneta de vacina”.
Muitas das cerca de 50 pessoas que participaram do encontro não tinham os esquemas de imunização completos e atualizados, outras sequer possuíam o cartão de vacina. Para Roberta Leal, enfermeira do Espaço Saúde e Sexualidade da Gestos, essa situação evidencia a necessidade de ações que supram a falta de informação entre as PVHAs.
Para monitorar o grau de vacinação das pessoas vivendo com HIV/AIDS beneficiadas pelos serviços da Gestos, a ONG tem realizado ações de busca ativa para a identificação dos esquemas de vacinação incompletos. “Primeiro, a gente está recolhendo os cartões de quem tem cartão de vacina, e fazendo um cartão espelho para verificar o status vacinal de cada um e de cada uma”, explica Roberta Leal.
Nesse contexto, a reunião com representantes do PMI e do CRIE desempenhou um papel importante para tirar dúvidas sobre as vacinas especiais para PVHAs e como acessá-las. Confira abaixo algumas das informações trabalhadas abordadas pelo enfermeiro Rivaldo Silva, do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais:
Existe diferença entre os postos de vacinação e outros serviços específicos? Se sim, como as pessoas vivendo com HIV/AIDS podem atualizar os cartões de vacina?
Existe sim! A diferença entre os postos de saúde e o CRIE é que o CRIE é um centro de referência para imunobiológicos especiais e aí a gente vai ter algumas vacinas que são específicas, que só podem ser aplicadas no Centro e que o posto de saúde não vai oferecer; mas para que as pessoas que vivem com HIV/AIDS possam receber essas vacinas específicas, eles precisam ser encaminhadas pelo seu médico infectologista.
Entre as vacinas que estão disponíveis, que são oferecidas pela rede pública e quais entre elas são as mais importantes para pessoas vivendo com HIV e AIDS?
A vacina da hepatite B, de meningite, (que é a meningocócica tipo C), da pneumonia (que é a pneumocócica tipo 13 e a tipo 23) e a também do HPV. Essas são algumas das vacinas que são oferecidas e que incluem pessoas vivendo com HIV/AIDS nos seus grupos prioritários. Mas a verdade é que as pessoas vivendo com HIV/AIDS são consideradas prioritários toda vez que existe uma campanha vacinal.
No caso da vacina da HPV, existe uma faixa etária específica para a população em geral, mas ela também é aberta para pessoas que vivem com HIV/AID, certo?
Isso. No caso de crianças e adolescentes vivendo com HIV/AIDS, elas podem tomar a vacina na idade em que costuma ser aplicada, que é de 9 a 14 anos. Mas no caso de pessoas adultas que vivem com HIV/AIDS, elas também podem ser vacinadas contra o HPV se tiverem mais de 26 anos. No calendário vacinal, a vacina HPV -C está disponível apenas para indivíduos adultos que têm entre 18 a 26 anos no máximo, e agora não, se expandiu para até 45 anos.
Da mesma forma que existem vacinas que são de máxima importância para as pessoas vivendo com HIV/AIDS, tem alguma vacina que não deve ser tomada?
As vacinas feitas a partir de vírus vivos (como a tríplice viral, a febre amarela, a varicela) precisam de uma avaliação médica. As PVHAs não podem e não vão conseguir tomar por conta própria, é uma questão médica mesmo,
O que fazer caso as pessoas perdem os cartões de vacinação e por alguma razão não conseguem mais ter acesso a quais as vacinas que já receberam?
Então, a primeira coisa é saber qual cartão de vacinação, qual a caderneta de vacinação que essa pessoa perdeu. Foi infantil? Porque se for a da infância, menos mal. Se for a caderneta já de adulto, as pessoas precisam voltar ao seu médico especialista e informar que não têm mais o cartão e saber se o/a profissional de saúde tem no prontuário dele, o histórico vacinal. Caso o médico especialista não tenha, ele deve emitir uma solicitação para iniciar um esquema de vacinas, porque a gente entende que vacinas que não possuem registro de aplicação não podem ser comprovadas
No sistema antigo, o cartão vacinal era exclusivamente físico. Hoje existe uma plataforma digital em que tanto o paciente, quanto a equipe médica pode acessar quais são as informações de vacina. Como a população pode acessar essa plataforma?
Então, apesar de não existir um sistema eletrônico para registro de vacinas, todas as informações eram armazenadas no mesmo lugar, em um sistema físico, de fato: no cartão. E hoje a gente tem esse sistema, que por sinal se atualizou. A gente usava antes o sistema CpniWeb, era o nome do sistema, hoje a gente só usa o Cpni (que estava sendo utilizado nas campanhas da vacina contra a Covid) para integrar todas as vacinas em um só local. Então hoje, através desse sistema, que todo mundo consegue acessar através do ConecteSUS. Você pode baixar o aplicativo, ou entrar pela internet normal no site https://conectesus.saude.gov.br e lá você vai conseguir visualizar todas as suas vacinas.