Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas Coloca a Sociedade Civil como Protagonista na Busca por Soluções Sustentáveis
Teve início, na tarde desta segunda-feira (26), o primeiro Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, que aconteceu em São Paulo (SP). O evento, que segue até a terça-feira (27), marca uma iniciativa da sociedade civil brasileira para discutir o papel das finanças na construção de uma economia global sustentável e justa. O evento antecede o encontro do G20 na capital paulista e representa uma oportunidade significativa para líderes e especialistas debaterem modelos financeiros voltados para a transformação ecológica e alinhada à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Organizado por diversas organizações, incluindo o Instituto Arapyaú, Instituto AYA, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa, Open Society Foundations e Uma Concertação pela Amazônia, o fórum reuniu personalidades de destaque, como Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, para abordar questões cruciais como reindustrialização verde, transição energética e fomento à bioeconomia.
O evento, lançado durante a COP 28, em Dubai, visa integrar membros do setor privado, coalizões empresariais, academia, sociedade civil, filantropia e organismos multilaterais econômicos e de financiamento. Com cerca de 600 convidados, a programação presencial e online coloca no centro do debate o financiamento climático internacional, atraindo a atenção para temas como aumento da tributação sobre negócios insustentáveis e a urgência na transição energética.
A Gestos participou do encontro representada por Alessandra Nilo, coordenadora geral da ONG e Sherpa do C20 (grupo de engajamento da sociedade civil junto ao G20). Em seu discurso, ela ressaltou o papel crítico da sociedade civil na busca por uma transição justa, enfatizando que “nossa crise é sobretudo política, social e ética, com sociedades vendo os valores de solidariedade, igualdade e fraternidade forjados a duras penas nos últimos séculos trocados por discursos de ódio, pelo avanço do fascismo e das fakenews”.
Em seu discurso, ela criticou a neoliberalização da arquitetura financeira global e apontou a necessidade de romper paradigmas políticos e econômicos para superar a crise socioambiental que o mundo enfrenta: “não são mercados e sistemas desregulados – e blindados – que nos conduzirão à necessária transição justa e inclusiva e tampouco promoverão direitos. (…) O caminho para isso: passa por economias que rompam com o status quo e que financiem projetos de desenvolvimento promotores de direitos coletivos; (…) é para isso e por isso que o C20 vai atuar: por um sistema de governança e políticas públicas democráticas, inclusivas, antirracistas, decoloniais, promotoras da igualdade gênero e que respondam, de forma inequívoca, à emergência climática que enfrentamos”, concluiu.
O Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas representa uma oportunidade crucial para a sociedade civil influenciar as discussões do G20, promovendo uma agenda mais ambiciosa e inclusiva para o enfrentamento da crise climática. As recomendações elaboradas ao final do evento serão entregues aos líderes do G20, buscando catalisar ações efetivas em direção a uma economia global verdadeiramente sustentável e justa.