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Gestos desafia estigmas com exposição “Faces do HIV”

Gestos desafia estigmas com exposição “Faces do HIV”

No Brasil, o mês de dezembro é dedicado à prevenção e conscientização ao HIV e à Aids. Ao longo desses 40 anos de convivência da humanidade com o vírus da imunodeficiência adquirida, houveram vários avanços médicos e científicos que tornaram possível viver com  HIV; porém o pior sintoma da epidemia da Aids persiste até hoje: o preconceito. Para refletir sobre como o estigma, a discriminação e o preconceito afetam as pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHAs), a ONG Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero está realizando, em parceria com a International Aids Society (IAS), a exposição “Faces do HIV”, que ficará aberta ao publico entre os dias 4 e 15 de dezembro, na galeria do Edf. Governador Miguel Arraes de Alencar (Rua da União, 397 – Boa Vista, Recife/PE), sede da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE). Materiais promocionais da campanha também serão veiculados em totens de led no Shopping Plazza.

Assinados pela fotógrafa Nina Luna e pelo fotógrafo Helder Ferrer, os quadros retratam pessoas vivendo com HIV/AIDS que voluntariamente escolheram ser símbolo do enfrentamento ao estigma e preconceito, com a coragem de compartilhar experiências reais de sorofobia (preconceito e discriminação contra PVHAs) e o impacto que isso tem em suas vidas, além de reflexões empoderadas sobre o que é viver com HIV/Aids. 

“Em um contexto de estigmatização de sujeitos e violação de direitos sociais, dar rosto à luta contra o preconceito é um ato de coragem”, comenta a coordenadora geral da Gestos, Alessandra Nilo. “Superar o preconceito e a sorofobia é, ainda hoje, o maior desafio para uma resposta efetiva ao HIV; pois ele cria barreiras sociais que impedem a busca pela testagem e o início do tratamento antirretroviral [TARV]”.

De acordo com o Índice de Estigma e Discriminação em Relação às Pessoas Vivendo com HIV/Aids – estudo realizada em 2019 pela Gestos em parceria do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) em 5 capitais brasileiras (Recife, Salvador, Porto Alegre, São Paulo e Manaus) – pelo menos seis em cada dez pessoas (64,1%) que vivem com HIV e Aids já sofreram estigma ou discriminação. 

No Recife, 28% das pessoas entrevistadas pela pesquisa demoraram e/ou não iniciaram o tratamento antirretroviral por medo de que familiares e pessoas conhecidas descobrissem sua condição sorológica; outras 24,7% tiveram medo de que profissionais de saúde e médicos revelassem suas sorologias sem seu consentimento.

Para o ativista e estudante de ciências sociais, Max Lobato, um dos modelos retratado pela exposição Faces do HIV, “essas fotos com os e as modelos deixa muito evidente uma coisa que sempre falamos: que o HIV é, na verdade, uma pauta política e não uma relação de saúde, porque é atravessada por interseccionalidades, onde a raça e a identidade de gênero são as principais delas. Isso é um reflexo desses movimentos externos que acontecem, de não acolhimento, de não garantia dos direitos sociais”, afirma.

Ainda na segunda-feira (4), dia da abertura da exposição, a ONG também irá promover um debate sobre Prevenção Combinada ao HIV e enfrentamento ao estigma para estudantes da rede pública de Pernambuco, com participação de algumas das pessoas fotografadas, além de profissionais da instituição e integrantes do Grupo de Trabalho em Ativismo Jovem (GT Jovem) da Gestos. O encontro acontecerá às 14h, no Auditório Ênio Guerra (ALEPE).

A exposição Faces do HIV é um desdobramento da campanha Eu e Meu/Minha Profissional de Saúde, realizada pela ONG Gestos, em parceria da International Aids Society (IAS), a iniciativa convida pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) usuárias dos serviços de saúde a indicar profissionais que se destaquem pelo atendimento acolhedor e livre de estigma e/ou discriminação, contribuindo para uma resposta efetiva e humanizada ao vírus HIV. Este ano, a campanha selecionou profissionais nos serviços de saúde nos estados de Pernambuco e Paraíba para serem homenageados durante a  24ª Conferência Internacional de Aids, o maior encontro multidisciplinar sobre o tema no mundo.

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