Países enfrentam dificuldades comuns para efetivar os ODS
Reunidos em Nova York na última quarta-feira (17), representantes de organizações da sociedade civil da Argentina, Brasil, Filipinas e Reino Unido discutiram dificuldades comuns que esses quatro países enfrentam no processo de implementação da Agenda 2030. Entre essas dificuldades estão: governos populistas que desmontam os serviços públicos, setores privados sem comprometimento com a sustentabilidade e uma redução aguda dos espaços de participação da sociedade civil.
O diálogo ocorreu na sede da World Vision International durante a mesa redonda “How can the SDGs thrive in adverse political contexts?”, promovida pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030), Fundación para Estudo e Investigación de la Mujer (FEIM) e Realizing Sexual and Reproductive Justice (Resurj). O evento fez parte da programação paralela ao Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF 2019) da ONU.
“A situação é grave e extrema nesses países, com crescimento da pobreza e da desigualdade, desrespeito dos governantes à força da lei, enfraquecimento das instituições públicas e imposição de políticas de manutenção de privilégios ancoradas em dogmas, desconsiderando as evidências materiais”, analisou o economista e consultor do GT Agenda 2030, Claudio Fernandes.
Na ocasião foram antecipados alguns dados da edição 2019 do Relatório Luz da Sociedade Civil, produzido pelo GT Agenda 2030, que será lançado no Brasil em agosto. “O atual governo brasileiro quer nos manter longe do conhecimento, também como uma forma de impedir que a sociedade civil participe das decisões políticas. Negaram o acesso a mais de 320 documentos públicos e também estão cortando recursos para aplicação no censo demográfico de 2020, a pesquisa populacional mais importante e abrangente no Brasil”, denunciou a coordenadora executiva do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Carolina Mattar.
Segundo Claudio, diante desse cenário, a sociedade civil deve centrar esforços na territorialização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nas parcerias fundadas em respeito mútuo, na organização em bases comunitárias, disseminação dos conteúdos da Agenda 2030 com os movimentos sociais e na busca por alianças com governos subnacionais.
O evento contou com cerca de 40 participantes de quase 20 países diferentes, que também acompanharam as apresentações, debates e deliberações do HLPF 2019. O sentimento comum era o de que a maioria dos países que ratificaram a Agenda 2030, entre eles o Brasil, não conseguirá cumprir os ODS, ao contrário do que tentam mostrar governos e setores privados corporativos. “Eles insistem em esconder a realidade através de técnicas de relações públicas e propaganda, negando as evidências quantitativas denunciadas por organizações da sociedade civil presentes no HLPF”, concluiu Claudio Fernandes.