Gestos se une a sociedade civil global pela implementação da Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável
A Assembleia Global dos Povos, que está acontecendo em paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, faz parte da Semana Global de Ação #Act4SDGs, que segue até 25 de setembro e, anualmente, mobiliza milhares de organizações e ativistas de todo o mundo para debater a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em seus países e exigir que seus governos cumpram os compromissos assumidos pelos Estados-membros com a Agenda 2030.
Alcançar esses objetivos, exige ações concretas e mudanças radicais nas políticas econômicas, e foi com isso em vista que a Gestos, uma das 27 co-organizadoras da Assembleia Global dos Povos, promoveu no dia 21/09 (como parte da programação oficial) o seminário internacional “Por uma 4ª Conferência Internacional do Financiamento para o Desenvolvimento: Democratizar a Governança Financeira Global para o Direito ao Desenvolvimento Sustentável”.
Num contexto em que os impactos da pandemia de Covid-19 ainda são fortes em muitos países – no Brasil a situação é mais complexa, com o aumento das desigualdades, crescimento da fome e manutenção de a políticas de austeridade que caminham na contra-mão dos necessários aumentos nos investimentos em setores sociais. A alta inflação, a alta nos preços de alimentos e energia – agravada ainda mais pela crise política que atravessa o país exige medidas imediatas porque o Brasil cada vez mais se distancia do desenvolvimento sustentável., Como denunciou o economista Claudio Fernandes, que representou a Gestos durante o encontro, do ponto de vista global.
A atual arquitetura financeira constitui uma ditadura financeira que age como a execução do neocolonialismo sem correntes visíveis, favorecendo os principais players da geopolítica em detrimento do resto das pessoas e comunidades. “Para contrapor essa ditadura financeira precisamos de uma democracia econômica, governança, accountability, tributos progressivos, e colaboração [internacional]”, explica, enfatizando ainda que “é preciso criar um fluxo sustentável de recursos para quem mais trabalha para implementar e monitorar a implementação da Agenda 2030 no mundo, que é a Sociedade Civil”.
Como alternativa para desenhar os mecanismos necessários para alocar os recursos necessários à implementação da Agenda 20303, a sociedade civil organizada em torno da Assembleia Global dos Povos pede a realização de uma 4ª Conferência Internacional de Financiamento para o Desenvolvimento, mas o economista da Gestos alerta “precisamos chegar lá sabendo que a outra parte (anti-direitos e negacionistas climáticos) está agindo e tem mostrado provas de que o faz em má-fé”.
Pressão pelo Desenvolvimento Sustentável se estende até Brasília
Horas antes da fala da Gestos durante a Assembleia Global dos Povos, em paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) foi até a frente do Congresso Nacional, onde realizou uma manifestação em favor da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no país.
O ato que reuniu representantes de diversas organizações da sociedade civil que compõem o GT Agenda 2030 e ativistas dos direitos humanos, ocorreu por volta das 10h e fez parte da Semana Global de Ação #Act4SDGs2022 que ocorre em vários países do mundo.. Aqui ele buscou chamar a atenção de parlamentares e da sociedade civil para a urgência políticas sociais, econômicas e ambientais que olhem para as pessoas e eliminem as desigualdades.
De acordo com a 6ª edição do Relatório Luz da Sociedade Civil Sobre a Implementação da Agenda 2030 no Brasil,, monitoramento feito com base em dados oficiais do governo e editado pela Gestos e pelo GT Agenda 2030, o país só avançou satisfatoriamente em uma (0,59%) das 168 metas analisadas; em contrapartida, 11 (6,54%) metas permaneceram ou entraram em estagnação, 14 (8,33%) estão ameaçadas, 24 (14,28%) tiveram progresso insuficiente e 110 (65,47%) estão em retrocesso. Além disso, também há uma ausência de informações relativas a oito metas (4,76%).
O que o documento (lançado em junho deste ano) revela é um país que, nos últimos anos, se tornou ainda mais perigoso e desigual, se afastando perigosamente dos compromissos da década de ação assumidos pelos Estados-membros das Nações Unidas. Para Alessandra Nilo, coordenadora geral da Gestos e co-facilitadora do GT Agenda 2030, “estamos tentando construir agendas que se articulam e que não queremos que nenhuma delas perca a sua importância e a sua relevância; estamos aqui, juntos e juntas, porque entendemos que essa articulação nos faz diferentes e nos fortalece para enfrentar esses retrocessos. Nesse momento eleitoral, precisamos cuidar para que esses compromissos estejam vivos”.