Gestos realiza projeto de fortalecimento de coletivos para Advocacy e controle social
A Gestos, com o apoio do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) do Ministério da Saúde e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), iniciou, nesta quinta-feira (6), o primeiro encontro do projeto “Fortalecendo coletivos para fala pública em Advocacy e controle social das políticas públicas de HIV/AIDS, IST’s e Tuberculose”. A iniciativa é voltada para ativistas de organizações de populações chave e/ou prioritárias para a resposta ao HIV. Até o dia 24 de novembro serão realizados oito encontros semanais com 8h de duração cada, que acontecem no Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
Jô Meneses, coordenadora de Programas Institucionais da Gestos, explica que “a proposta desse projeto é, de fato, fortalecer os coletivos que reúnem o que é colocado como população prioritária e/ou população chave para o enfrentamento ao HIV/AIDS, trazendo elementos para que esses coletivos estejam atentos, em seus municípios, às políticas de HIV/AIDS e tuberculose e, dessa forma, possam também fazer o controle social dessas políticas”. Cada encontro aborda um tema estratégico para a compreensão geral das políticas públicas em saúde e os meios de controle social em que a sociedade civil organizada pode atuar. O primeiro encontro promoveu uma roda de diálogo sobre Determinantes Sociais da Saúde, facilitada por Juliana Cesar, assessora de Programas Institucionais da Gestos.
Buscando ampliar o alcance da formação para além da capital pernambucana, o projeto convidou organizações de caráter plural, localizadas nos mais diversos territórios do estado, trazendo assim, ativistas de movimentos, redes, associações e coletivos do sertão, do agreste, da zona da mata e da Região Metropolitana do Recife (RMR). Uma delas é Fabiana de Souza, que veio da cidade de Salgueiro (sertão de Pernambuco), representando a Associação de Cores Do Sertão Central (Acerco), que diz estar aprendendo “tanto com palavras, quanto com experiências de vida” e que espera “poder levar isso para a Acerco e, com a ajuda da associação, espalhar essas informações pela cidade, entre os amigos e vizinhos”.
Ao todo, 40 ativistas representantes de 20 organizações da sociedade civil compõem a turma; entre elas, a produtora cultural, DJ e poetisa marginal, Thallia Maria, da Coletiva Favela LGBTQ+, organização composta por mulheres trans/travestis negras do Ibura (Zona Sul da Região Metropolitana do Recife). Ela acredita que ações como esta podem ser importantes tanto para a capacitação de ativistas da periferia para o controle social de políticas públicas, quanto para trabalhos de prevenção às ISTs. “Alguns movimentos sociais da minha comunidade já tentam fazer esse trabalho, não de forma espontânea, mas sempre em parceria com alguns eventos e pessoas que possam fazer palestras ou facilitar debates e rodas de diálogo; mas acho que dessa forma, trabalhando junto com os movimentos sociais, o assunto consegue fluir de maneira mais natural, mais prática”, comenta.
“Esse momento com os coletivos convidados é de extrema importância e a gente queria mais espaços como esse, porque o interior de PE vem crescendo muito em relação ao número de coletivos, movimentos e associações LGBTQIA+, mas ainda são muito carentes de formações como essa, sobretudo voltadas à saúde da população LGBTQIA+”, comenta Hewrya Lima, presidente da Associação da região da Mata-Sul de Pernambuco (AMAS LGBTQIA+), que também integra o Conselho Estadual de Promoção dos Direitos LGBTI+. Ela destaca que organizações ligadas às pautas LGBTQIA+ precisam estar atentas a temas como advocacy e controle social para “fiscalizar e cobrar das nossas lideranças políticas a implementação de ações interseccionais, de forma que uma secretaria trabalhe em conjunto com a outra e possam levar informações e serviços qualificados às populações que tanto necessitam”.