Gestos e Articulação Aids denunciam situação da Saúde em Pernambuco
Nesta segunda-feira (03/12), a Gestos e a Articulação Aids em Pernambuco realizaram um protesto em frente da Policlínica Gouveia de Barros (Boa Vista) para denunciar a situação dos serviços de atendimento às pessoas vivendo com HIV em Pernambuco. Com faixas e cartazes, os ativistas chamaram atenção para a falta de médicos, a situação precária do serviço de testagem para o HIV e a precaridade dos serviços de saúde para as pessoas que vivem e convivem com o vírus da Aids no estado.
A Gestos produziu um mapa (disponível na sede da ONG) onde aponta como está o atendimento nas unidades de saúde do Recife e da Região Metropolitana. Durante a semana, cartazes serão colados nestas unidades de saúde para alertar a população sobre a violação dos direitos das pessoas que vivem com HIV/Aids.
A situação nos serviços de saúde de Pernambuco é preocupante e viola os direitos das pessoas com HIV.
A Gestos e a Articulação Aids denunciam:
GOUVEIA DE BARROS
SAE do Gouveia de Barros não está funcionando. O CTA que funciona no Gouveia de Barros distribui apenas 12 fichas pela manhã para realizar testes para HIV, atendendo apenas de segunda a quinta-feira.
LESSA DE ANDRADE
Na Policlínica Lessa de Andrade não há mais possibilidades de consultas para pacientes antigos este ano. A testagem para Sífilis e HIV está sendo feita apenas para gestantes. Não há no Serviço de Assistência Especializada (SAE) médicos nas especialidades necessárias para os pacientes. O serviço oferece apenas infectologistas e clínicos gerais. Urologistas, ginecologistas, por exemplo, não estão disponíveis no Lessa de Andrade. Além disso, as paredes do SAE estão com infiltração.
POLICLÍNICA BARROS BARRETO
Em Olinda – SAE da Policlínica Barros Barreto não tem assistente social desde 2016. O serviço também não tem ginecologista, fazendo com que as mulheres sejam encaminhadas para outros hospitais, com muita demora para serem atendidas.
CORREIA PICANÇO
O Hospital Correia Picanço está com a UTI fechada; o mobiliário dos quartos está em péssimas condições. Além disso, o Ambulatório de Co-Infecção, prometido desde 2012, ainda não saiu do papel.
HOSPITAL OSWALDO CRUZ
No Hospital Oswaldo Cruz, a enfermaria de doenças infecto-parasitárias (DIP) tem quatro leitos desativados desde 2016. O hospital não tem material para fazer hemograma. Só realiza exames de Carga Viral e CD4. Tem pessoas tentando há mais de um ano fazer hemograma, sem conseguir.
IMIP (Instituto Materno-infantil de Pernambuco)
As consultas no Imip estão demorando até 8 meses para serem realizadas, mesmo para quem já é atendido na unidade de saúde. Por lei, pessoas que vivem com o HIV devem ter acompanhamento com infectologista a cada 6 meses. No caso do Imip, esse direito está sendo violado, pois as pessoas vivendo com HIV têm acompanhamento apenas 1 vez por ano com o especialista. No hospital também está faltando preservativo feminino.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
A Gestos recebeu denúncia de exposição da sorologia por parte de funcionários do Hospital das Clínicas, despreparados para lidar com a confidencialidade do diagnóstico. Para indicar o local de atendimento, funcionários do hospital gritam em ambiente com diversas pessoas: “- Aqui é a fila da Aids!” ou “- A fila da Aids é aquela ali!”. Tal atitude é inadmissível, pois expõe as pessoas que vivem com o vírus HIV.
AÇÕES DE PREVENÇÃO AO HIV
O Plano de Prevenção e Enfrentamento às ISTs e à Aids para Jovens, que foi construído desde 2015 com participação da sociedade civil organizada, ainda não foi implementado pelo Governo do Estado de Pernambuco. Segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, Pernambuco registrou 33.896 casos de pessoas vivendo com HIV, entre 1980 e 2018. A mortalidade das pessoas vivendo com HIV no estado aumentou 15%, segundo o boletim do Ministério da Saúde, divulgado na última semana de novembro.
O Governo do Estado lançou um edital em 2017 para as Organizações da Sociedade Civil, referente a ações em prevenção combinada. As organizações enviaram projetos e as que foram aprovadas, um ano depois, ainda não receberam os recursos para realizar as atividades. Esse dinheiro é do Ministério da Saúde, direcionado especificamente para atividades relacionadas à prevenção do HIV para a sociedade civil e não pode ser utilizado para outros fins. Ao todo, desde 2015, Pernambuco recebeu R$ 500 mil para esta finalidade e gastou apenas R$ 200 mil; o que significa que R$ 300 mil estão sem destinação e sem prestação de contas por parte do estado. A partir de aprovação do Conselho Estadual de Saúde (presente em ata), esta quantia deveria ter sido destinada para um novo edital, lançado em 2018, com a mesma finalidade. Entretanto, o ano de 2018 está terminando e este edital não foi divulgado.