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“A AIDS Envelheceu”: projeto da Gestos promove prevenção e cuidado e desmistifica sexualidade das pessoas idosas

“A AIDS Envelheceu”: projeto da Gestos promove prevenção e cuidado e desmistifica sexualidade das pessoas idosas

A Gestos resolveu marcar os 40 anos da epidemia de AIDS no Recife, completados em 2024, com um novo olhar: o do envelhecimento. O projeto “A AIDS Envelheceu – Prevenção ao HIV/AIDS na maturidade e melhoria da qualidade de vida para pessoas idosas que vivem com HIV” lança luz sobre um público historicamente invisibilizado nas políticas públicas de prevenção e cuidado.

Com duração de 12 meses, a iniciativa pretende alcançar pessoas com 50 anos ou mais oferecendo informação, acolhimento e suporte psicossocial, juntamente com ações para o fortalecimento da autoestima e a melhoria da qualidade de vida de pessoas idosas com HIV, além de reforçar o combate ao estigma ainda presente na sociedade. O projeto também busca desmistificar tabus sobre sexualidade na velhice e ampliar o debate sobre o envelhecimento com HIV.

Entre as atividades previstas, há também a produção de uma publicação inédita, impressa e digital, com relatos de vida de pessoas 50+ que convivem com o HIV, bem como depoimentos de profissionais de saúde que acompanham essa realidade. O material será distribuído em bibliotecas, serviços de saúde, cursos de gerontologia e estará disponível gratuitamente na internet.

Além das rodas de conversa para homens e mulheres – incluindo mulheres trans e travestis –, o projeto vai realizar uma ampla campanha de prevenção com linguagem dirigida ao público idoso, além de conteúdos digitais nas redes sociais da instituição.

A iniciativa tem financiamento do Fundo Municipal da Pessoa Idosa e do Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (Comdir).

A ação se insere no contexto da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), instituída pela ONU, reforçando a importância de políticas públicas que valorizem a saúde, os direitos e a dignidade das pessoas idosas.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde do Recife, entre 2012 e 2024 foram registrados 832 casos de AIDS em pessoas com mais de 50 anos na capital pernambucana – 552 eram do sexo masculino e 280 do sexo feminino. 

O diagnóstico tardio, a desinformação e o preconceito em torno da sexualidade nessa faixa etária são barreiras que o projeto busca enfrentar com ações educativas e rodas de conversa terapêuticas. O diagnóstico em pessoas idosas também pode ser tardio porque os sintomas da AIDS podem ser confundidos com doenças relacionadas ao envelhecimento.

Em 34 anos de campanhas sobre AIDS promovidas pelo Ministério da Saúde, apenas uma, lançada em 2018, foi dirigida ao público idoso e mais especificamente, na fase da envelhecência (período entre 50 e 60 anos). 

Há também um panorama heteronormativo sobre o envelhecimento e a velhice. O preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans se redesenha, anulando e não reconhecendo práticas eróticas e outras orientações sexuais que dissidam das referências normativas de sexualidade. Velhos e velhas homo/bissexuais e pessoas trans são completamente invisíveis em uma sociedade que desconsidera a existência de sexualidade nessa fase da vida. 

Temas deste texto: A AIDS Envelheceu - pessoas idosas