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Estigma nos serviços de HIV/AIDS: confira o resultado da campanha ‘Eu e Meu/Minha Trabalhador/a de Saúde 2024’

Estigma nos serviços de HIV/AIDS: confira o resultado da campanha ‘Eu e Meu/Minha Trabalhador/a de Saúde 2024’

Na última quinta-feira, aconteceu o webinário “Superando o Estigma nos Serviços de Saúde,” promovido pela Gestos com o apoio da International AIDS Society (IAS) e Gilead Sciences. O evento, que teve como objetivo ampliar o debate sobre o estigma e a discriminação nos serviços de saúde, também revelou as duplas vencedoras da campanha Eu e Meu/Minha Trabalhador/a de Saúde 2024. A iniciativa busca reconhecer profissionais de saúde que se destacam por oferecer um atendimento humanizado, solidário e livre de preconceitos nos serviços de HIV/AIDS em Pernambuco e na Paraíba.

A sessão virtual contou com a presença de Ariadne Ribeiro (Unaids), Angelo Brandelli (PUC-RS), Nelli Barriere (IAS) e Marília Casseb (Gilead Sciences), com mediação da Gestos. Além disso, teve a participação de uma das duplas vencedoras: Richardson Barroso, psicólogo do Hospital Otávio de Freitas, e Andrea Araújo, enfermeira do CTA Jaguaribe, em João Pessoa.

Vencer o estigma e a discriminação nos serviços de saúde tem sido um desafio para a saúde brasileira ao longo dos últimos anos. De acordo com o Índice de Estigma em relação às pessoas vivendo com HIV/AIDS BRASIL – levantamento realizado em cinco capitais brasileiras (Recife, Salvador, Porto Alegre, São Paulo e Manaus) – 15,3% das quase 2.000 PVHAs entrevistadas afirmaram já ter sofrido algum tipo de discriminação por parte de profissionais de saúde pelo fato de viverem com HIV/AIDS.

Ainda segundo o Índice, 20,6% das pessoas entrevistadas evitaram, demoraram ou não buscaram tratamento inicial após testarem positivo para o vírus HIV, por medo de serem maltratadas por profissionais de saúde ou de terem sua condição sorológica revelada sem consentimento. Além disso, 20% relataram experiências negativas com profissionais de saúde no passado.

Este já é o quarto ano da campanha e todas as evidências mostram que, para qualquer serviço de saúde – especialmente aqueles voltados para o HIV/AIDS – é crucial que esses espaços sejam amigáveis, acolhedores e realizem atendimentos sem julgamentos. Infelizmente, essa ainda não é a realidade de toda a rede de saúde. No entanto, por meio da campanha, conseguimos reconhecer profissionais que se destacam por oferecer um atendimento que respeita a integralidade, individualidade e acolhe sem estigma e preconceito”, comenta Juliana Cesar, assessora de Programas Institucionais da Gestos.

A campanha Me & My Healthcare Provider é uma iniciativa global que busca as melhores práticas na prestação de serviços de saúde, celebrando profissionais da linha de frente que atuam nos campos da prevenção e tratamento. No Brasil, a campanha foi realizada pela primeira vez em 2019, desenvolvida pela Gestos, que selecionou profissionais da Saúde da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Confira o resultado da campanha Eu e Meu/Minha Trabalhador/a de Saúde 2024 

Recife:
Eline Gomes, médica do lactário em Caruaru
Richardson Barroso, psicólogo do Hospital Otávio de Freitas

Paraíba:
Patricia Holanda, assistente social da UDM – 9ª Gerência Regional de Saúde de Cajazeiras
Andrea Araújo, enfermeira do CTA Jaguaribe, em João Pessoa

*As pessoas vencedoras foram indicadas por seus(suas) pacientes. 

Nelli Barriere (IAS)
O objetivo da campanha é incentivar os cuidados à saúde e inspirar outras pessoas a defender um sistema de saúde centrado no bem-estar das pessoas.”
Ela também agradeceu profundamente a todas as pessoas que realizaram as indicações: “Sem as indicações, essa campanha não seria possível.”

Marília Casseb (Gilead Sciences)
“Fortalecer uma iniciativa tão importante como essa da IAS é reconhecer o valor de projetos que oferecem a melhor informação e mostram às pessoas que elas têm direitos.” Ela também destacou a importância de dar visibilidade a profissionais que realizam um trabalho essencial, mas muitas vezes não recebem o devido reconhecimento.

Ângelo Brandelli (PUC-RS)
“Apesar de termos um serviço público, muitas pessoas ainda recorrem a serviços clandestinos. Cerca de 43% evitam acessar os serviços públicos devido à discriminação e preconceito.” Ele ressaltou a urgência de intervir nesses espaços e o impacto do estigma na população-chave, como as pessoas trans e vivendo com HIV.

Ariadne Ribeiro (Unaids Brasil)
“Cuidar é olhar para o que realmente importa. Não é só o medicamento que faz a diferença, mas a capacidade dos profissionais de saúde de escutar e tratar seus pacientes com dignidade e respeito.”

Richardson Barroso (Psicólogo do Otávio de Freitas – vencedor da campanha)
“É muito importante acompanhar os pacientes e viver com eles a sensação de renovação, como ver uma paciente que, após o diagnóstico, continuou vivendo, se casou e teve filhos.”

Andrea Araújo (Enfermeira do CTA Jaguaribe – vencedora da campanha)
“O diagnóstico de HIV não significa o fim da vida. Nosso papel como profissionais de saúde é garantir que o ambiente de atendimento seja cada vez mais acolhedor e de escuta.”