Gestos e organizações parceiras formam 35 pessoas em sete cidades para a pesquisa Índice de Estigma 2024
Sete cidades, 35 pessoas entrevistadoras formadas e 2.520 pessoas a serem entrevistadas. A Gestos finalizou, na sexta-feira (2), as rodadas de capacitação do “Stigma Index Brasil 2024 – Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV/AIDS”. A ampla pesquisa, que deve ser lançada em março do próximo ano, mostra o que acontece na vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS e como essa população ainda é discriminada e sofre com o preconceito e a desinformação. As formações começaram em junho pelo Recife e aconteceram também em Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Essa segunda edição da pesquisa vai conseguir, pela primeira vez, comparar os dados com o Stigma Index 2019. Também será a primeira vez, em todo o mundo, que o Índice de Estigma trará perguntas sobre pessoas intersexo. O levantamento transversal tem como objetivo principal descrever o grau e as formas de estigma e discriminação enfrentados por essa população em diferentes locais do Brasil, além de comparar a situação com a realidade de outras localidades e países, com o intuito de promover mudanças em políticas e programas de forma mais ampla.
Desde 2015, o Stigma Index tem sido uma ferramenta essencial para detectar e medir mudanças nas tendências de estigma e discriminação relacionadas ao HIV/AIDS, sob a perspectiva das pessoas vivendo com HIV/AIDS.
O projeto é apoiado e operado pela Gestos, pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A realização é do consórcio de redes de pessoas vivendo com HIV/AIDS, formado por Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS no Brasil (RNP+), Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas (MNCP), Rede Nacional de Mulheres Trans e Travestis e Homens Trans Vivendo e Convivendo com HIV e AIDS (RNTTHP+), Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e AIDS (RNAJVHA+) e Articulação Nacional de Luta Contra a AIDS (Anaids).
O curso foi ministrado pela Gestos, com duração total de 16 horas em cada cidade e direito a bolsa e ajuda de custo. As pessoas, todas vivendo com HIV/AIDS, aprenderam sobre o índice, a metodologia utilizada e a aplicação dos formulários. Entre este mês de agosto e outubro, o grupo formado irá a campo aplicar o formulário com 112 questões. Em cada uma das sete localidades, uma das pessoas, com perfis diversos, ficará responsável por monitorar as equipes entrevistadoras. Cinco delas são pessoas negras, duas são mulheres cis e uma é travesti.
Até dezembro, a PUC-RS irá finalizar os dados sistematizados e, no final do ano, haverá um seminário, em Brasília, para apresentar esses dados e debater coletivamente todo o processo, da formulação à coleta de informações, com participação das pessoas entrevistadoras. Em março, o lançamento do sumário executivo da pesquisa fará alusão ao Dia Zero Discriminação (1º de março), que celebra o direito das pessoas a uma vida plena e produtiva com dignidade, não importando sua origem, orientação sexual, identidade de gênero, sorologia para o HIV ou raça e etnia.