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No 8 de Março, Gestos vai às ruas pela vida de todas as mulheres

No 8 de Março, Gestos vai às ruas pela vida de todas as mulheres

Na última sexta-feira, 8 de março, ativistas e organizações da sociedade civil foram às ruas para a marcha do Dia Internacional da Mulher, levando suas bandeiras e reivindicando o reconhecimento e garantia dos seus direitos. Com o tema “Pela vida das mulheres: pela legalização do aborto, contra o racismo ambiental e as violências, não às privatizações!”, o ato se concentrou no Parque Treze de Maio a partir das 15h e, por volta das 17h, se dirigiu ao Pátio de São Pedro (na região central do Recife).

Para a antropóloga e coordenadora de Programas Institucionais da Gestos, Jô Meneses, “8 de março é uma data muito especial para nós da Gestos, que tem uma luta grande em relação aos direitos sexuais e reprodutivos. Afirmar a necessidade da legalização do aborto é também afirmar que é preciso que não se deixe que os serviços de aborto legal, previstos em lei, sejam destruídos; essa é uma das razões pelas quais a Gestos está na rua”, comentou. No Brasil, o aborto legal está previsto em lei em caso de gravidez resultante de estupro, risco à vida da gestante e anencefalia fetal.

“Estamos aqui hoje contra todas as formas de violência, pela legalização do aborto e contra o racismo – porquê esse, certamente, viola todos os direitos desde que este país existe; desde que o Brasil foi colonizado que o racismo atravessa a nossa história e a Gestos, obviamente se coloca na rua também contra o racismo, que massacra especialmente as mulheres negras”. 

Quando se trata saúde e direitos sexuais e reprodutivos para meninas e mulheres, observa-se que algumas questões interseccionais são determinantes para constituir diferentes graus de vulnerabilidade ao HIV/Aids; uma delas é o racismo. 

Segundo o último Boletim epidemiológico de HIV/Aids publicado pelo Ministério da Saúde, 64,3% das novas infecções pelo vírus HIV notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em 2023 foram entre mulheres negras (compreendendo a junção de pretas e pardas), já entre as mulheres brancas esse percentual corresponde a 29,4% dos casos. Ainda segundo o boletim, as mulheres negras correspondem a 61,3% dos óbitos por aids registrados entre 2012 e 2022.

“Nós sabemos que o Brasil é um país extremamente cruel e violento com as mulheres, com todas as mulheres; tanto com as mulheres cis, quanto com as mulheres trans e travestis”, lembrou a antropóloga. De acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), o Brasil é o país que mais mata travestis e mulheres trans no mundo e a expectativa de vida dessa população no país é de 35 anos. 

Em 2023, a Gestos realizou um levantamento sociodemográfico Travestis Também Envelhecem que identificou as preocupantes condições socioeconômicas dessa população em processo de envelhecimento no Recife. “Essa também é uma bandeira da Gestos: defender a vida de todas as mulheres, defender que todas as mulheres possam viver com dignidade existindo à sua maneira”, concluiu Jô Meneses.