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Jorge Beloqui, presente!

Jorge Beloqui, presente!

É com o mais profundo pesar que a Gestos vem, por meio desta nota, lamentar a perda do ativista e amigo, Jorge Beloqui, que faleceu na madrugada desta quinta-feira (9), na Argentina. Doutor em Matemática e professor e Instituto de Matemática e Estatística da USP, vivia com HIV desde 1989 e, desde então, atuou com diversas organizações da sociedade civil e tornou-se uma referência para o Movimento Aids no Brasil e na América Latina.

Ajudou a fundar organizações como a ONG Pela Vidda (Valorização, Integração e Integridade do Doente de Aids), a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP + Brasil) e o Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids (Mopaids). Também foi dirigente do Grupo de Incentivo à Vida (GIV) e membro do Grupo Temático do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). 

“Foi um ativista fundamental para a construção de uma resposta nacional ao HIV/Aids durante 33 anos” destaca Jô Meneses, Coordenadora de Programas Institucionais da Gestos. “Como ativista”, continua, “trabalhou incansavelmente em defesa e pela garantia dos direitos das PVHAs e mantinha uma postura firme no combate ao estigma e preconceito; também se dedicou com afinco à produção de conhecimento sobre medicações, a fim de garantir a compreensão e acesso para todas as pessoas”.

“Jorge foi um grande ativista, porém, mais do que isso, ele foi um professor; ele foi um exemplo de acolhimento, bom humor, respeito e confiança. Para nós, é difícil expressar o que significa a sua perda, tanto para o movimento Aids, quanto para o que ele significou para a história da Gestos”, relembra Alessandra Nilo, Coordenadora Geral da instituição,  “nossa relação com ele foi sempre de muito respeito e aprendizado; sempre pudemos contar com sua orientação; também foi o primeiro ativista em Aids no Brasil a chamar atenção ao monitoramento dos orçamentos públicos e as rubricas desvinculadas da União”, comenta, destacando ainda sua influência para o trabalho da ONG quanto ao tema da propriedade intelectual de vacinas e medicamentos. 

Neste momento – em que tanto esperávamos contar com ele – para reconstruir este país e a retomada de uma resposta forte no campo do HIV/Aids, seu ímpeto por justiça social fará uma grande falta. Cabe a nós, ativistas do Movimento Aids, lembrar com carinho e honrar a vida e a memória de Jorge Beloqui – um exemplo de tudo que há de melhor que se pôde construir para a resposta ao HIV/Aids nesse país 

Desejamos que o Brasil tenha a sorte de ter mais ativistas que se inspirem nele, que bebam da fonte em que ele bebeu. À sua família e todas as pessoas que tiveram o privilégio de partilhar da sua companhia, nossos mais sinceros sentimentos. 

 

Jorge Beloqui, PRESENTE!