Gestos conclui formação para falas públicas e Advocacy para 40 ativistas
Na quarta-feira (14), foram concluídas as formações do projeto Fortalecendo coletivos para fala pública em Advocacy e controle social das políticas públicas de HIV/AIDS, IST’s e Tuberculose. Realizado pela Gestos com apoio do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) do Ministério da Saúde e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o projeto ofereceu um ciclo de formação para 40 ativistas de organizações de populações chave e/ou prioritárias para a resposta ao HIV.
Com 8h de duração, cada encontro abordou um tema estratégico para a compreensão geral das políticas públicas de saúde e os meios de controle social em que a sociedade civil organizada pode atuar. Buscando ampliar o alcance da formação para além da capital pernambucana, o projeto convidou organizações de caráter plural e trouxe ativistas de movimentos, redes, associações e coletivos do sertão, do agreste, da zona da mata e da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Para a coordenadora de Programas Institucionais da Gestos, Jô Meneses, a diversidade do grupo contribuiu para enriquecer as discussões. “Eu acho que foi muito interessante poder trazer esses grupos que, normalmente, não são acessados pelas discussões sobre HIV/AIDS. Então ter representantes da Rede de Mulheres Negras, de grupos de periferias formados por mulheres (cis e trans) e grupos de interior que, em geral, não conseguem acessar essas formações (muito menos presencialmente) foi muito importante para as discussões e trazer esses conteúdos em um diálogo aberto sobre a questão da prevenção combinada e dando outros instrumentos – como advocacy e a fala pública – para garantir a defesa das políticas de Aids foi um salto qualitativo muito grande”, comenta.
No último encontro, a turma realizou um exercício de fala pública para simular uma audiência pública. “Trouxemos uma consulta pública fictícia para que a turma, dividida em grupos, crie argumentos e se prepare para que, quando forem fazer uma fala em uma audiência pública real, eles e elas estejam preparados e preparadas para pensarem quais os argumentos e as narrativas irão utilizar na defesa de suas pautas”, explica a facilitadora do encontro, Emanuela Marinho, jornalista e assessora de comunicação para organizações não-governamentais.
“Como ativista, a fala é primordial”, continua a facilitadora, “não temos como falar de luta sem colocar as nossas angústias, inquietações, dificuldades e, principalmente, o que queremos para o mundo e qual o nosso projeto político para esse mundo; acho que a fala é a base de tudo, e sem essa força e disponibilidade argumentativa, a gente não consegue incidir em políticas públicas, nem convencer a população para as nossas causas; a comunicação é essencial”, conclui Emanuela.
Uma vez concluída a formação, é a vez das/os 40 ativistas que formaram esta turma levarem os conteúdos trabalhados para as organizações que representaram durante o projeto. “Esse é um diferencial dessa formação que é muito importante”, comenta a Jô Meneses, “aqui não estão ativistas independentes, mas que integram organizações da sociedade (seja de redes, de movimentos ou mesmo organizações não-governamentais). Isso faz a diferença: a responsabilidade de levar esse conteúdo para sua organização”.
Uma dessas ativistas que agora levará os conteúdos adiante é Alice Rocha, da Nova Associação de Travestis e Pessoas Trans de Pernambuco (NATRAPE). Ela confessa que não, inicialmente, não se sentia preparada para participar da formação, mas foi convencida por uma companheira da NATRAPE. “Realmente foi maravilhoso e eu queria que continuasse por mais tempo, não queria que parasse agora” revela a ativista, que espera “poder passar as informações que trabalhamos para o meu coletivo e fazer com que elas entendam o que eu aprendi aqui e que passem para outras pessoas, no futuro – até porque a NATRAPE não sou só eu, é algo grandioso e muito maior do que eu”. Após concluir a formação, Alice se sente mais preparada para lutar por direitos sociais e defender as políticas públicas de saúde.
Confira abaixo os temas trabalhados:
Determinantes Sociais da Saúde
Prevenção Combinada do HIV (conceitos, populações-chave, populações prioritárias)
Mandala da Prevenção
Estigma e Preconceito
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)
Tuberculose
Ativismo Político
Controle Social
Advocacy
Fala pública
Gestos realiza projeto de fortalecimento de coletivos para Advocacy e controle social