HIV/Aids e preconceito
Artigo de Opinião de Dr. Demétrius Montenegro, chefe do setor de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, publicado pelo Jornal do Commercio, em 18 de outubro de 2022.
Há 22 anos cuido de pessoas que vivem com HIV/AIDS no Recife/Pernambuco. Dia 18 de outubro, Dia do Médico, me sinto na obrigação de falar em defesa dessas pessoas, assim como todas e todos que sofrem algum tipo de preconceito e estigma.
Levanto essa bandeira chancelado pela Sociedade Internacional de AIDS, que neste ano, em sua conferência internacional, realizada na cidade de Montreal, prestou uma homenagem ao meu trabalho como infectologista.
Esse reconhecimento foi por um trabalho de assistência sem preconceito e de luta contra a estigmatização, que só maltrata, persegue e mata gays, travestis e mulheres e homens trans.
Neste momento por que passa o nosso país, me sinto na obrigação de alertar todos aqueles que lutam por uma sociedade mais justa, humana e com direitos sociais.
O atual Governo vem desmontando o SUS e diversos programas e políticas nas áreas social e ambiental.
Especialmente na área de HIV/AIDS, em que posso falar com propriedade, o Brasil já foi detentor do que foi considerado o melhor programa de Aids do mundo. Mas, infelizmente, falta humanidade, tecnicidade e sobram corrupção e incompetência do Governo Bolsonaro.
No orçamento federal, 407 milhões foram retirados do Programa de Prevenção da AIDS para serem colocados no Orçamento Secreto, que é o nome bonito que encontraram para nominar a corrupção deste Governo.
Além disso, não posso deixar de falar do nosso Programa de Imunizações, que já foi referência para o planeta, mas que também vem sendo destruído com o negacionismo do bolsonarismo. Um presidente que foi omisso e cruel na pandemia e que, por essa omissão, causou milhares de mortes pela Covid-19 no Brasil.
E, se hoje está difícil, com mais quatro anos disto, o amanhã será muito pior.
Hoje, está mais do que claro que o argumento da corrupção não se sustenta mais.
O que está em jogo é nossa humanidade, civilidade e e conquistas sociais.
Precisamos lutar para salvar nosso país deste momento de trevas!
Não há outro caminho, que não tirar o genocida do comando do país.
