Ativistas de todo o Brasil discutem prevenção combinada ao HIV e ODS no XI Fórum UNGASS/AIDS
Durante dois dias, ativistas e especialistas em HIV/Aids estiveram no Recife discutindo questões sobre a prevenção combinada ao HIV e sobre a importância de garantir a execução das políticas públicas – especialmente as políticas de saúde e a defesa do SUS. O XI Fórum UNGASS AIDS Brasil foi norteado pelas metas estabelecidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e pela necessidade de criar estratégias para atuar conjuntamente pela garantia dos direitos.
Com o tema “Combinando os ODS e a Prevenção Combinada do HIV”, o evento tratou da situação do HIV/Aids diante do cenário político e econômico atual (incluindo os orçamentos disponíveis para a elaboração e a execução de políticas públicas); da incidência e da importância de combater a tuberculose (doença que mais mata pessoas vivendo com HIV/Aids no mundo) e as hepatites virais; das estratégias de prevenção combinada e do conceito de população-chave.
O entendimento de que as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU contribuem para acabar com a epidemia do HIV/Aids permeou todo o encontro e foi ressaltada na exposição de Cleiton Euzébio de Lima, do Programa das Nações Unidas para o HIV e a Aids (UNAIDS).
Lima pontuou ao menos 10, dos 17 objetivos, que se relacionam diretamente com o enfrentamento do HIV/Aids. Do ODS 1 (Erradicação da Pobreza), passando pelo ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável); ODS 3 (Saúde e Bem-Estar); ODS 4 (Educação de Qualidade); ODS 5 (Igualdade de Gênero); ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico); ODS 10 (Redução das Desigualdades); ODS 11 (Cidades Sustentáveis); ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes; e finalizando com o ODS 17 (Parcerias e Meios de Implementação).
Necessidade de coordenar ações e articular a resistência
Alessandra Nilo, coordenadora da Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero destacou a importância de unir pautas e estratégias de atuação num momento em que os movimentos sociais têm sido atacados e criminalizados no Brasil.
Nilo falou da necessidade de construir uma narrativa que passe ao largo das pequenas fofocas e acontecimentos da política partidária diária e tenha foco no acompanhamento contínuo da execução orçamentária e de projetos que têm sido esvaziados, deixando diversos segmentos da sociedade desassistidos de políticas públicas.
Tuberculose – doença que mais mata pessoas vivendo com HIV/Aids
A programação do fórum reservou um momento para abordar a situação da tuberculose – doença que mais mata pessoas vivendo com HIV/Aids no mundo. Em 2017, foram registrados 10 milhões de casos de tuberculose no mundo, com 1,3 milhão de mortes na população geral e 300 mil óbitos confirmados em pessoas que viviam com HIV/Aids.
Segundo dados apresentados por Patrícia Werlang, da coordenação-geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas do Ministério da Saúde, o Brasil registrou no ano de 2018 nada menos que 75 mil casos de tuberculose, com 4,5 mil mortes.
Acabar com a tuberculose é uma das metas do ODS 3, que estabelece “acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis” até o ano de 2030 (meta 3.3).
O debate em torno do tema durante o XI Fórum Ungass Aids Brasil apontou para o negligenciamento de estratégias de alcançar as populações mais pobres e vulnerabilizadas – a exemplo das populações de rua e de comunidades de baixa renda em todo o país. O abandono do tratamento pelos pacientes é a principal causa do recrudescimento da Tuberculose Multiresistente – para a qual as medicações existentes não têm efeito.
Diálogo e articulação entre ativistas e especialistas
Além de representantes de Organizações Não-Governamentais e entidades que atuam no campo do HIV e da Aids de todas as regiões do país, também estiveram presentes no XI Fórum UNGASS Aids Brasil representantes das quatro redes de pessoas vivendo com HIV e Aids no Brasil e também integrantes de movimentos sociais de Mulheres, LGBTI, Tuberculose, Direitos Humanos, entre outros. O encontro tem como resultado a elaboração de estratégias coletivas para monitorar as políticas públicas e os orçamentos públicos de prevenção combinada ao HIV/Aids no Brasil.