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Discurso de Jair Brandão no Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Cidadania LGBT do Recife

Discurso de Jair Brandão no Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Cidadania LGBT do Recife

Jair Brandão, assessor de projetos e ativista da Gestos fez uma fala no Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Cidadania LGBT do Recife, na terça-feira (12), no Plenarinho da Câmara de Vereadores do Recife

 

Parabéns para a Vereadora Marília Arraes pela importante iniciativa da criação da Frente e também estender os votos para todos/as outros/as Vereadores/as que apoiam a causa.

 

Momento importante para que nós da sociedade civil apresentemos nossas demandas para contribuir na construção da agenda da Frente para 2018 e no seu fortalecimento.

 

No que diz respeito as questões sobre o marco jurídico atualmente temos dois (02) Projetos de Lei Ordinários que envolve a população LGBTTI e que está tramitando aqui na Câmara.

 

Um é o Projeto de Lei Ordinário de Nº 150/2017 que dispõe sobre o registro e a divulgação semestral dos índices de violência contra população LGBT no âmbito do município do Recife de autoria da vereadora Aline Mariano.

 

O segundo Projeto é CONTRA os direitos humanos da população LGBTTI. Trata-se do Projeto de Lei Ordinário de Nº 26/2016 que proíbe em todas as unidades escolares da Rede de Ensino Público do Município a utilização de livros e outros meios definidos que versem sobre a ideologia de gênero e a diversidade sexual de autoria do vereador Carlos Gueiros.

 

Para este último projeto importante que a Frente tenha o papel fundamental de traçar estratégias para a reversão deste Projeto de Lei e qualquer outra tentativa de excluir o debate sobre igualdade de gênero das escolas. Pois tem impacto direto na população LGBTTI e isso faz com quê a sociedade se torne impossível de se viver com as diferenças;

 

Em relação ao Projeto de Lei, a favor dos direitos humanos da população LGBTTI, a Frente tem que fazer com quê elas avancem no município. Sendo a Câmara um espaço legislativo é uma questão que a Frente pode dialogar, contribuir acompanhando e buscando estratégias e articulações para sua aprovação. Atualmente está acontecendo uma “onda” de aprovação de Projetos de Leis contra as discussões de gênero no âmbito da educação em diversos municípios do Estado. O Movimento LGBT Leões do Norte vêm acompanhando este retrocesso e está planejando ação que busque a reversão destas Leis. A participação da sociedade civil neste processo é fundamental. Como exemplo positivo temos o município de Tabira que devido à pressão do Movimento LGBT local conseguiu que a câmara do município não aprovasse o Projeto de Lei proibindo a discussão de gênero nas escolas. Ao contrário de outras cidades como:

Cabo de Santo Agostinho que o vereador, também do PSB, colocou o Projeto de Lei Nº 162/2017 que proíbe a discussão de gênero em todas as escolas públicas e privadas do município e foi aprovado em segunda votação.

Moreno foi aprovado o Projeto de Lei de Nº 019/2017 que proíbe a realização de atividades pedagógicas que visem à reprodução de conceitos de ideologia de gênero de ensino da rede municipal e privada, de autoria do vereador Admilson Barbosa do PSD.

Araripina foi aprovado, por unanimidade, o Projeto de Lei Nº 037/2017 que proíbe as atividades pedagógicas sobre “ideologia de gênero” e educação sexual na grade de ensino na rede municipal e privada da cidade, de autoria do vereador João Erlan do PDT, com o parecer favorável do relator da comissão de justiça e redação (CJR) o vereador Sandoval Batista do PCdoB.

Petrolina foi aprovado o Projeto de Lei Nº 132/2017 que proíbe as atividades pedagógicas que discutam o conceito de Ideologia de Gênero na grade de ensino da rede municipal e privada da cidade, de autoria do vereador Elias Jardim do PHS.

Caruaru está tramitando na Comissão de redação de Leis o Projeto de Lei Nº  7657/2017 que seja proibida a utilização, elaboração, publicação, divulgação, exposição e distribuição de livros que versem ou se refiram, de forma direta ou indireta, sobre ideologia de gênero, diversidade sexual e educação sexual, na rede municipal de autoria do vereador Presbítero Andrey Gouveia do PRP. Neste caso o Movimento LGBT local está fazendo advocacy na câmara para este projeto não ir para votação.

 

Importante que a Frente contribua para a manutenção dos equipamentos LGBT existentes no município do Recife. Porém a sociedade civil necessita ter espaço para ser ouvida e poder ser propositiva nesse processo, para somarmos forças e também possamos ter um processo transparente de prestação de contas e um panorama/diagnóstico de como estamos em relação ao orçamento destinado para estes equipamentos e para ações voltadas para população LGBTTI na cidade do Recife. Importante que a Frente ajude na aprovação orçamentária para que as leis e ações voltadas para LGBTTI sejam implantadas e implementadas. Levando em consideração também a questão do monitoramento dos recursos destinados para população LGBT como, por exemplo, a verba gasta com o Conselho Municipal LGBT que não saiu do papel porque não tinha dinheiro, mas que entrou enquanto despesa da prefeitura no orçamento e o movimento LGBTT não tinha conhecimento. Não podemos esquecer  de trazer de volta e incluir na agenda da Frente a discussão da criação do Conselho Municipal LGBT;

 

Finalizando.

Reforçar sobre a violência contra população LGBTTI. No Brasil um LGBTTI é morto a cada 25h. E nosso país é o que mais mata travestis e transexuais no mundo. Existem estudos que apontam que um homem gay, tem 5x mais chances de ser assassinado do que uma pessoa hetero-cis, e se for uma pessoa trans, esse índice sobe para 14 vezes mais. Até o dia 11/12/2017 foram assassinadas 172 pessoas trans no Brasil, de acordo com dados da ANTRA.

 

Precisamos urgentemente tirar da invisibilidade estes números em relação à violência contra LGBTTI, na qual Recife não está fora deste mapa de violência. Termos estes dados são fundamentais para o enfrentamento à violência que sofrem as pessoas LGBTTI e construir políticas públicas eficazes e eficientes para este enfrentamento;

 

Por último.

Importante destacar o compromisso dos/as vereadores/as que estão compondo a Frente e que nós da sociedade civil estaremos juntos/as para fortalecer esta luta. Por isso temos que sair daqui com uma agenda mínima para 2018. Indicar uma data para primeira reunião da Frente e ter uma proposta para uma ação para semana da visibilidade trans que acontece no final de janeiro é fundamental.

 

Jair Brandão

Assessor de Projetos

Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero

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