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No mês das mulheres, Gestos reafirma nas ruas seu compromisso com os direitos de todas as mulheres

No mês das mulheres, Gestos reafirma nas ruas seu compromisso com os direitos de todas as mulheres

Março é mês de reafirmar a luta de todas as mulheres, atualmente diante de um cenário de perda de direitos e de ameaças associadas ao capitalismo e à extrema direita, que negam a pauta de direitos — muitos deles já estabelecidos, acordados e legislados — e criam obstáculos de acesso. É urgente visibilizar essa situação ocupando as ruas do país como fizeram cerca de 30 movimentos e organizações feministas, com presença de sindicatos, entidades setoriais e partidos políticos, no último sábado, 8 de março.

“Estamos no desequilíbrio de forças extremo, então precisamos dessas mobilizações para dizer ‘estamos vivas, estamos atentas e não aceitamos retrocessos’”, diz a coordenadora de articulação política, relações internacionais e comunicação da Gestos, Juliana César.

Confira o Manifesto 8M 2025

Em Pernambuco, o 8M aconteceu em Olinda, pelo aborto legal, seguro e gratuito e por justiça reprodutiva; pelo fim do feminicídio, transfeminicídio e lesbocídio; para exigir tarifa zero, transporte público, seguro e de qualidade; dizer não às privatizações; exigir o fim do racismo e uma educação laica; o fim da escala 6 X 1 e do ajuste fiscal; moradia digna, água, saneamento básico e justiça climática; reafirmar que não será aceita anistia para golpista; em solidariedade aos imigrantes, contra a guerra no Congo e por uma Palestina livre; pelo combate à fome e por soberania e segurança alimentar.

“A Gestos integra a marcha do 8M porque temos um avanço do fundamentalismo da extrema-direita no mundo e isso afeta particularmente a pauta que é para nós muito importante, dos direitos sexuais e reprodutivos, da prevenção e da cidadania das pessoas LGBTQIAPN+”, destaca a coordenadora de programas institucionais da Gestos, Jô Meneses.

“Nós mulheres e a Gestos, com a sua tradição de todo 8 de Março estar na rua, nos fazemos presente para fortalecer que não vão nos silenciar, que nós estaremos sempre com os nossos corpos e com as nossas vozes falando contra todos os retrocessos e por garantia dos direitos das mulheres cis e trans e da população LGBTQIAPN+”, complemenmta Jô.

 

CENÁRIO INTERNACIONAL – Juliana César chama a atenção para o perigo de poderes estabelecidos que não têm o menor constrangimento de negar suas próprias palavras e seus compromissos assumidos: “Temos, aqui no Brasil, um Congresso Nacional muito empenhado em seguir essa tendência mundial e, de maneira formal, ou seja, legalmente, remover e negar direitos da população, além de criar obstáculos ilegais, que não são pensados em lei, de acesso a esses direitos. Um exemplo é a diminuição brusca do número de serviços que fazem atendimento ao aborto legal”.

No cenário internacional, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump vem estabelecendo parâmetros e validando discursos de ódio e de negação de direitos com repercussões em várias partes do mundo. Parte do Brasil tem importado, legitimado e validado muitos desses discursos radicais, que já existiam aqui e terminam encontrando ainda mais ressonância.

Além disso, Trump aposta numa política de negação financeira e de apoio a pautas de diversidade, equidade e inclusão, com repercussão também na esfera privada. “Várias empresas privadas que tinham programas de inclusão, que beneficiavam mulheres, pessoas negras, LGBTQIAPN+ e várias populações vulnerabilizadas, já removeram esses programas e hoje os negam”, destaca Juliana. 

O presidente norte-americano também retirou recursos financeiros da cooperação internacional, seja através da Usaid, agência para o desenvolvimento Internacional, ou do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da Aids (Pepfar).

Parte das medidas trumpistas impacta diretamente causas como a da Gestos e a pauta do HIV AIDS no mundo. “No Brasil, temos o SUS, então a maioria das ações de saúde, especificamente as de HIV, estão cobertas pelo poder público brasileiro. Mas a remoção, por exemplo, de recursos para as Nações Unidas vai tirar para o futuro — e isso já está acontecendo desde agora —, recursos que iam para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento é o órgão da Organização das Nações Unidas (Pnud), a ONU Mulheres, para o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) e que eram revertidos em ações ou com o governo brasileiro ou com a sociedade civil”, explica a coordenadora.

Sem falar que a saída dos Estados Unidos desses órgãos faz com que alguns países sigam o exemplo e anunciem que vão remover cooperações internacionais e outros revisem suas cooperações, seja para cobrir o buraco que ficou em seus próprios países ou para investir estrategicamente de uma outra maneira.