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Prevenção Combinada ao HIV

Prevenção Combinada ao HIV

Imagine-se diante de um armário cheio de roupas, sapatos e acessórios! Cada uma delas tem um número, uma cor, um estilo e um corte próprio. Digamos que você pudesse olhar cada peça e escolher o look que mais te agrada; provavelmente, você iria escolher roupas que te caíssem bem, fossem confortáveis e valorizassem o seu corpo. Ao combinar uma coisa com a outra, você conseguiria criar o seu próprio estilo, algo que pudesse expressar quem você é e como se sente. A Prevenção Combinada ao HIV funciona mais ou menos assim!

Até pouco tempo atrás, a camisinha era a única forma de se proteger do vírus HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Mas com o passar dos anos a medicina e a  farmacologia deram um salto, de modo que hoje temos à nossa disposição uma série de tecnologias e estratégias de prevenção que, quando combinadas, garantem uma vida sexual ativa, prazerosa e 100% segura contra o HIV.

Hoje em dia, o uso do preservativo é algo comum e até naturalizado por uma grande parte das pessoas, mas apesar de ser muito conhecido, muita gente não consegue usar. Acreditar que toda prática sexual é igual uma à outra é tão correto quanto acreditar que todas as pessoas são idênticas.

A Prevenção Combinada ao HIV permite unir diferentes métodos e estratégias para se proteger do HIV; dessa forma, cada pessoa pode adotar os métodos e as estratégias de prevenção que mais combinam com as suas próprias práticas sexuais. Afinal de contas, se o nosso prazer não cabe em uma caixinha, a nossa saúde também não pode caber.

Testagem e aconselhamento: 

Prevenção Combinada - Testagem e aconselhamentoTestar regularmente tanto para o HIV, quanto para outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é o primeiro grande passo. O vírus existe e qualquer pessoa está sujeita a se infectar. Identificar a infecção precocemente ajuda a interromper a cadeia de transmissão e isso oferece oportunidades para práticas sexuais mais seguras. 

Conhecer o status sorológico não apenas incentiva o uso da camisinha e outras formas de prevenção combinada ao HIV (como a PEP e a PrEP), mas também facilita a busca pelo tratamento com antirretrovirais, contribuindo para uma comunidade informada e saudável em relação ao HIV.

Mas só isso não é suficiente; questões como aconselhamento profissional nos serviços de saúde e educação sexual integral e de gênero precisam ser colocadas em pauta. Só assim nós vamos poder vencer a desinformação sobre o vírus e acabar com o estigma, a discriminação e o preconceito contra as pessoas vivendo com ao HIV/Aids. 

Quando o assunto é saúde sexual e reprodutiva, não dá para ficar na dúvida! Por isso, o Espaço Saúde e Sexualidade da Gestos oferece testagem gratuita para HIV, Sífilis e para as Hepatites Virais (B e C). O serviço é gratuito e sigiloso. A testagem acontece em nossa sede (Rua dos Médicis, 68, no bairro da Boa Vista). O agendamento pode ser feito pelo telefone (81) 3421-7670 , ou pelo Whatsapp (81) 9 8709-3939.

Camisinhas

Prevenção Combinada - Preservativos externos Elas existem há pelo menos 2 mil anos. Os primeiros registros datam do século III a.C., na China antiga e, naquela época, eram feitos de intestinos de animais. Só em 1844, o inventor americano Charles Goodyear patenteou o processo de vulcanização do látex, que permitiu a fabricação de camisinhas mais resistentes e confortáveis.

Desde o século passado, as camisinhas de látex tornaram-se o método contraceptivo mais popular do mundo. Quando usadas corretamente, elas são extremamente eficazes para prevenir a gravidez indesejada e impedem a transmissão não só do vírus HIV, quanto de outras ISTs – como a sífilis e a gonorréia. 

Prevenção Combinada - preservativo internoHoje, existem camisinhas externas e internas, que são distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em serviços e postos de saúde; além disso, há uma enorme variedade de cores, materiais e tamanhos disponíveis no mercado.

Lubrificantes à Base de Água

O uso de lubrificantes à base de água também tem um papel importante na prevenção ao HIV. Isso porquê eles reduzem o atrito e diminuem o risco de lesões ou microabrasões no tecido anal ou vaginal. Além disso, melhoram a eficácia dos preservativos (facilitando seu uso correto) e podem tornar a prática mais confortável e prazerosa. 

Prevenção Combinada - gel lubrificante à base de águaMas cuidado ao utilizar. Sempre verifique se o produto é mesmo à base de água, pois outras composições não têm a mesma eficácia. 

Infelizmente, apesar de fazerem parte dos insumos de prevenção distribuídos pelo SUS, nem sempre estão disponíveis nos postos e serviços de saúde. Horizontalizar o acesso ao produto e usá-lo de forma combinada pode contribuir para evitar novas infecções.

 Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)

A PrEP, ou Profilaxia Pré-Exposição, é uma inovação significativa na prevenção ao HIV. Basicamente,  ela consiste no uso regular de antirretrovirais como tenofovir e emtricitabina, que preparam o corpo para um possível contato com o vírus causador da Aids, blindando o seu sistema imunológico contra o HIV. A PrEP é uma estratégia de prevenção apenas para o HIV. Por isso, não substitui a camisinha como forma de prevenir outras ISTs.

Como acessar?

Prevenção Combinada - PrEPInicialmente, ela era ofertada gratuitamente pelo SUS somente para as chamadas “populações-chave para o HIV”, ou seja: casais sorodiferentes (quando só uma pessoa na relação é soropositiva), homens que fazem sexo com homens e pessoas trans, além de profissionais de saúde e do sexo. Mas gradativamente o seu uso tem sido flexibilizado, para que chegue a cada vez mais pessoas.

Atualmente o SUS oferece PrEP em duas modalidades de uso: diário ou sob demanda. A primeira é voltada para as pessoas com vida sexual ativa que farão uso diário da medicação;  já a segunda é uma opção para quem tem relações sexuais menos de duas vezes por semana e, por isso, consegue planejar suas relações, que tomarão a medicação até 24 horas antes da relação sexual.. 

Mas atenção: a PrEP sob demanda garante proteção somente para algumas populações, como: homens cis de todas as orientações sexuais, ou pessoas designadas com o sexo masculino ao nascer (inclusive pessoas não-binárias, travestis e transexuais) e não pode ser combinada com o uso de hormônios à base de estradiol. 

É mesmo eficiente?

Prevenção Combinada - PrEPEvidências mostram que, quando administrada corretamente, a PrEP pode reduzir o risco de infecção em até 99%, o que a torna uma aliada crucial na luta contra o vírus. Além de sua eficácia isolada, a PrEP é frequentemente combinada com outras formas de prevenção, como o uso da camisinha e testagem regular para o HIV. O uso combinado deste método de prevenção chega a 100% de eficácia.

Tem algum efeito colateral?

Nenhum medicamento é livre de efeitos colaterais. Apesar de segura, o uso da PrEP a curto e longo prazo também pode ter efeitos. Alguns sintomas são comuns e passageiros, como: dor de estômago, náuseas, alteração intestinal e gases. Já o uso a longo prazo pode afetar os rins e a densidade óssea. Esses efeitos são totalmente reversíveis, ou seja: interrompendo o uso, tudo ao normal. Por isso, é importante usar a PrEP só com acompanhamento profissional.

Além do mais, um estilo de vida saudável, incluindo a prática de exercícios físicos e alimentação adequada, contribui para o seu sucesso, minimizando possíveis efeitos colaterais.

Ela substitui a camisinha?

Prevenção Combinada - PrEPApesar de não substituir o uso da camisinha para prevenir a gravidez e outras ISTs, a PrEP não é apenas uma ferramenta de prevenção; é uma abordagem adaptada às necessidades específicas de cada indivíduo. Integrada com outras estratégias preventivas, a PrEP contribui para a construção de comunidades mais saudáveis e resilientes contra a propagação do HIV.

Posso engravidar usando a PrEP?

Sim! A PrEP não é um método contraceptivo. Portanto, se você ama alguém que vive com HIV/Aids ou está mais vulnerável à infecção, e deseja expandir esse amor, a PrEP pode te ajudar a fazer acontecer. 

O uso da PrEP, combinado com uma vida saudável e acompanhamento profissional, podem ajudar no seu planejamento familiar, permitindo uma gravidez e amamentação segura para você e seu/sua bebê, evitando a transmissão vertical.

Profilaxia Pós-Exposição (PEP)

Prevenção Combinada - PEPAlém da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), outra ferramenta importante na luta contra o HIV é a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Ela oferece uma resposta imediata para reduzir o risco de infecção pelo HIV e só deve ser usada após uma relação de risco de infecção ou uma potencial exposição ao vírus. 

Como funciona?

Assim como na PrEP, a PEP envolve o uso de medicamentos antirretrovirais durante 28 dias e, geralmente, consiste em uma combinação de tenofovir e emtricitabina, frequentemente associados ao raltegravir ou dolutegravir. 

Essa combinação atua impedindo que o vírus se estabeleça e se multiplique no organismo. Ela é uma medida de emergência que deve ser iniciada o mais rápido possível, idealmente nas primeiras horas após a exposição e, no máximo, até 72 horas depois. 

É mesmo eficiente?

A adesão rigorosa à medicação faz toda a diferença. Se iniciada nas primeiras 24 horas, pode ser altamente eficaz, reduzindo significativamente o risco de infecção. Porém, quanto mais tempo se leva até iniciar o uso, menor é a eficácia. Por isso, ela não substitui outros métodos de prevenção, como o uso de preservativos e da PrEP.

Quando utilizar?

Prevenção Combinada - PEPA PEP é recomendada em situações de maior risco de exposição ao HIV, como após relações sexuais desprotegidas, em caso de violência sexual, compartilhamento de agulhas ou acidentes de trabalho com materiais biológicos (em ambientes de saúde, por exemplo).

Como acessar?

Ela é garantida sob demanda pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos serviços de atenção especializada. Em caso de exposição ao HIV, é importante procurar atendimento médico imediatamente para avaliação e início imediato da PEP. A decisão de iniciar a PEP é uma medida que deve ser adotada com acompanhamento médico.

Tratamento Antirretroviral (TARV) 

Hoje, o tratamento é feito com medicamentos antirretrovirais, que são a principal forma de controle do HIV. O TARV pode suprimir a multiplicação do vírus no corpo humano e preservar a função imunológica. 

Combinando diversos medicamentos antirretrovirais, o TARV reduz a carga viral a um nível indetectável e intransmissível (I=I). Assim, iniciar o tratamento se torna não só uma forma de cuidar de si, mas também de cuidar de outras pessoas. Se tratar é a melhor forma de quebrar a cadeia de novas infecções.

O TARV não apenas controla o HIV, mas também melhora a qualidade. E embora alguns medicamentos possam causar efeitos colaterais, é possível minimizar essas reações. Monitorar a contagem de células CD4 e identificar eventuais efeitos colaterais faz toda a diferença. 

Apesar dos benefícios, desafios como a necessidade de adesão contínua, efeitos colaterais, custos e estigmatização persistem. O TARV transformou o HIV de uma condição quase sempre fatal em uma doença crônica gerenciável, destacando a importância do diagnóstico precoce, adesão ao tratamento e acompanhamento médico regular.

Pré-Natal

Prevenção Combinada - PEPControlar a transmissão vertical do HIV (que ocorre quando o vírus é passado para o/a bebê durante a gravidez, parto ou amamentação) é fundamental para erradicar o HIV até 2030. Este ainda é um desafio para a saúde pública brasileira.

Por isso, é fundamental que todas as pessoas que gestam realizem testes regulares para o HIV e exames pré-natais. A adesão ao tratamento antirretroviral também é um caminho importante para quem já vive com HIV, ou descobriu a sorologia durante a gestação, pois ele reduz significativamente a possibilidade de transmissão.

É responsabilidade do Estado não só oferecer testes e exames pré-natais, como também entregar os resultados em tempo hábil e, caso a pessoa gestante viva com HIV, garantir também o acesso à fórmula láctea que substitui a amamentação – pois mesmo quem tem carga viral indetectável ainda pode transmitir o vírus através do leite materno.

Uma prevenção eficaz contribui para a erradicação gradual do HIV nas futuras gerações.

Redução de Danos

Na busca por abordagens mais abrangentes e eficazes de prevenção ao HIV e outras ISTs, a adoção de estratégias de redução de danos ao consumo de álcool e outras drogas têm se mostrado um caminho promissor para minimizar os riscos associados ao uso, reconhecendo que a abstinência total pode não ser a única solução.

A disponibilização de ferramentas de redução de danos, como agulhas esterilizadas, canudos, piteiras, assim como de preservativos e outros insumos de prevenção ao HIV é indispensável para prevenir a propagação do HIV e reduzir riscos associados ao consumo (recreativo ou não) de álcool e outras drogas.

Políticas de redução de danos eficientes passam por garantir acesso a serviços de saúde, aconselhamento e testagem para doenças relacionadas ao uso de substâncias; além de apoio psicológico e condições mínimas de dignidade.

Parcerias entre organizações comunitárias, governamentais e de saúde fortalecem iniciativas de redução de danos e prevenção combinada ao HIV. Ao adotar estratégias que reconhecem a complexidade do uso de álcool e outras drogas, podemos construir comunidades mais saudáveis e resilientes.

Não Estigmatize!

A prevenção combinada ao HIV vai além de medicamentos e métodos de proteção; ela passa também por uma mudança cultural e social para promover uma sociedade mais inclusiva – que respeite a diferença e valorize a diversidade.

O estigma e o preconceito matam. Eles espalham o medo do diagnóstico e marginalizam quem vive com HIV/Aids. Por outro lado, quando as pessoas se sentem seguras para buscar testes, métodos de prevenção, tratamento e apoio, conseguimos reduzir a transmissão do HIV.

Educação é a chave. Desmistificar concepções erradas sobre o HIV é urgente, pois o vírus não faz distinção de nada e nem de ninguém. Vencer o estigma é uma forma ativa de prevenção combinada ao HIV.