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Movimentos sociais cobram políticas sociais e de proteção à população LGBTI+ durante homenagem a Sandro Cipriano

Movimentos sociais cobram políticas sociais e de proteção à população LGBTI+ durante homenagem a Sandro Cipriano

Representantes de movimentos sociais de Pernambuco fizeram nesta quinta-feira (04/07), na sede da Gestos, no bairro da Boa Vista, no Recife, uma homenagem ao educador e ativista LGBTI+ Sandro Cipriano, assassinado na semana passada no município de Pombos, na Zona da Mata de Pernambuco. O crime, com sinais de ter sido motivado por ódio e LGBTfobia, chocou a sociedade pernambucana e os movimentos que lutam por direitos para a população LGBTI+. Na sede da Gestos, os e as ativistas protestaram contra a falta de políticas públicas voltadas para este segmento da sociedade, repudiando a subnotificação de crimes com motivação no preconceito e cobrando investigação e punição dos culpados deste e de outros crimes da mesma natureza.

A homenagem também contou com o plantio de mudas de várias espécies no quintal da casa onde funciona a ONG Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero, trazidas pelo Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), organização que trabalha com agroecologia e na qual Sandro Cipriano atuava há 20 anos, primeiro como monitor, depois como educador e um dos diretores.

A atuação de Sandro Cipriano como defensor dos direitos humanos foi ressaltada por todas as pessoas presentes à homenagem. “Sandro era diferente. Não era rico, mas tinha conhecimento. Onde ele entrava, fazia a diferença. Precisamos cobrar atitudes de verdade para que este e outros crimes não fiquem impunes. Vamos fazer um ato, no próximo domingo, dia 7 de julho, às 16h, em Pombos, para protestar e pedir por justiça e paz. Essa luta de Sandro, essa nossa luta, vai continuar. Ela não para”, disse Gibson da Paz, do Movimento LGBTI+ Sete Cores, de Pombos, que Sandro Cipriano ajudou a criar.

Rivânia Rodrigues, do Fórum LGBT de Pernambuco, falou sobre o medo que a população LGBTI+ enfrenta todos os dias nas ruas do Brasil, por conta do preconceito e da violência. Ela cobrou a divulgação de dados atualizados pelo Governo do Estado a respeito da violência e dos homicídios de pessoas LGBT no estado e chamou os movimentos sociais a se unirem em defesa dessa pauta.

Já Germano de Barros, diretor do Serta, lembrou da trajetória de Sandro Cipriano dentro da ONG e de como os dois cultivavam uma amizade há mais de 20 anos, sempre focada na defesa dos direitos das pessoas do campo e dos direitos humanos.

“Nos conhecemos dentro do Serta, ainda adolescentes, e ficamos amigos. Vi Sandro se destacar e se engajar na defesa dos direitos humanos e trazer o assunto da invisibilidade da questão LGBT para o debate no interior de Pernambuco e também para as pessoas do campo. Ele foi uma liderança jovem, integrou o Conselho Nacional da Juventude, e nos ajudou a enxergar várias questões sobre essa temática. Vinha desenvolvendo um trabalho fantástico no Serta, alinhando vários olhares para esta questão”, ressaltou Germano de Barros, chamando os e as presentes para transformarem a dor em força para continuar lutando por direitos.

As várias organizações presentes decidiram construir um documento-manifesto para ser entregue ao Governo de Pernambuco, cobrando ações para combater a LGBTfobia no Estado e também ações de transparência em relação aos crimes cometidos contra pessoas LGBTI+. Os dados divulgados pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco estão desatualizados e não representam de fato os crimes com esta motivação, segundo os defensores dos direitos humanos.

Os movimentos sociais também querem um posicionamento formal do Governo de Pernambuco sobre as 10 audiências públicas sobre políticas sociais para a população LGBTI+ já realizadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MP-PE). Apesar de ter inserido, através de decreto (Nº 39.542/2013), a LGBTfobia nas fichas de notificação de crimes desde 2013, na prática os homicídios com esta motivação ainda são subnotificados em Pernambuco. Sem dados oficiais não é possível planejar políticas públicas eficazes que atendam a população LGBTI+, invisibilizando este tipo de violência.

Quem foi Sandro Cipriano?

Além de sua atuação na ONG Serta – onde era professor no curso de Agroecologia; da atuação em defesa da agricultura familiar e dos direitos LGBTI+, e de fazer parte da diretoria da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais em Pernambuco (Abong-PE), Sandro Cipriano era presidente da Rede LGBTI+ de Pombos e coordenador da Rede LGBTI+ do Interior de Pernambuco – que ajudou a formar e fortalecer e reúne ativistas de vários municípios do estado. Cipriano considerava prioritária a valorização das políticas de defesa dos direitos LGBTI+ e a interiorização destas ações. O ativista participava da organização de um seminário para fortalecer novas lideranças LGBTI+, que está marcado para acontecer entre os dias 12 e 14 de julho de 2019, no Centro de Formação e Lazer do Sindisprev.

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